Uma postagem heterofóbica.
Domingo passado eu completei 24 anos. Ou, como diria o escritor George R.R. Martin em suas narrativas, foi comemorado o vigésimo quarto dia de meu nome. É aquele aniversário em que meninos recebem gracejos junto às parabenizações, com frases que dizem "o ano da decisão", "ou vai, ou racha" dentre outros. Pra quem não sabe, no Brasil, o 24 é popularmente considerado número de viado.
Domingo passado eu completei 24 anos. Ou, como diria o escritor George R.R. Martin em suas narrativas, foi comemorado o vigésimo quarto dia de meu nome. É aquele aniversário em que meninos recebem gracejos junto às parabenizações, com frases que dizem "o ano da decisão", "ou vai, ou racha" dentre outros. Pra quem não sabe, no Brasil, o 24 é popularmente considerado número de viado.
Agora,
muito se engana quem acha que eu fico ofendido quando alguém insinua qualquer
coisa a respeito da minha (as)sexualidade, sobretudo por causa de um número.
Foi-se o tempo de escola, quando eu era adolescente, em que os primeiros dias
de aula eram vivenciados com angústia, para saber se eu escaparia da humilhante
atribuição do número 24 na chamada da lista de alunos (por duas vezes eu foi o
23). Afinal de contas, todo mundo sabe, se você for o 24 na chamada,
automaticamente, você é gay. Porque, na matemática, o principal axioma que
permeia esse campo do conhecimento é o de que a homossexualidade é uma
característica intrínseca e indissociável deste número. Entretanto, essa teoria
não é aceita de modo unânime e inconteste pela comunidade científica. Há quem
diga que ainda não foi definitivamente provado que o número vinte e quatro
possui em si o princípio ativo homossexualizante. Tudo o que existem, segundo
os adeptos dessa corrente, são indícios. Inclusive, um doutor em farmácia afirmou
recentemente que tomar 24 gotas de qualquer medicamento não “enviada” mais uma
pessoa do que tomar 23 ou 25 gotas do mesmo medicamento. Bem como, dizem os
estudiosos do assunto, calçar sapato tamanho 24, ter 24 no número do RG, do
celular ou até mesmo tatuado no bumbum não faz de ninguém um gay.
Muitos
levam tão a sério essa brincadeira sobre o número 24, que inventam desculpas
para não assumir seus 24 anos. "Estou fazendo um quarto de século menos
um", dizem os espertinhos dos números (sobretudo aqueles que já leram
Malba Tahan) ou "Vou fazer 23 anos duas vezes, depois salto direto para o
25". Ao contrário dessas pessoas, eu digo que assumo os meus 24 anos com
muito orgulho. Primeiro, porque ter 24 anos pra mim não significa nada mais
além do fato de que faz 24 anos que nasci. Segundo, porque é ótimo fazer 24
anos! Pense bem... existe apenas uma opção para quem não quer fazer 24 anos,
que é a de não sobreviver até completar tal idade. E como eu gosto de estar
vivo, é com muito orgulho que assumo que completei minha vigésima quarta
primavera (que, em tese, é a vigésima terceira, pois eu nasci no verão). Esse
texto é dedicado a todos os nove-um (91) que, assim como eu, já passaram ou
passarão pelo ritual dos vinte e quatro anos em 2015, se tudo der certo.
Parabéns pra nóis!
P.S.
ah, o texto original terminava ali em cima. Mas, como no domingo ocorreu um
fato atípico, não posso deixar passar em branco aqui... Gostaria de agradecer a
todo o povo de Brasília e do Brasil inteiro que foi para as ruas para celebrar
meu aniversário e me homenagear. Recebam o meu mais sincero obrigado!
Multidão aglomerada em frente ao Congresso Nacional, para prestar homenagem a mim.
Fãs mostram cartazes com demonstrações de carinho.
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