quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Metacognição

Para Senhorita Rocha e para minha amiga de Guaianases.
Para minha amiga de Guaianases e para Senhorita Rocha.

Essa semana eu andei de avião pela primeira vez na minha vida. Durante o voo, alguns pensamentos um tanto obsessivos permearam a minha mente. E é sobre eles que quero refletir nessa postagem.

Pra quem não sabe, a metacognição é a capacidade inerentemente humana de refletir sobre os seus próprios pensamentos. É como se fosse o pensamento do pensamento. Sendo assim, vou contar um pouco sobre o que pensei, e sobre o que penso sobre tais pensamentos.

Ao entrar no avião, comecei a emitir vários respondentes, tais como tremores, sudorese, taquicardia, enurese diurna e copracrasia, todos eliciados pelo medo da experiência que me aguardava. Por algum motivo, temos a falsa sensação de que, ao voarmos pela primeira vez, nossa chance de morrer aumentou substancialmente, a um nível crítico, se comparado com outras experiências de nosso cotidiano. É como se acendesse um sinal vermelho de perigo dentro de nós, avisando que corremos um grande risco de finarmos.

Bom, eu sou um cara inteligente. Eu sei refletir sobre as coisas. Veja bem, recentemente, temos visto acidentes com aeronaves com uma certa frequência. Mesmo assim, se calcularmos no Brasil, o número de voos comerciais que são feitos saindo de todos os aeroportos do país, e que chegam em seus destinos com segurança, e contabilizarmos também aqueles com algum acidente fatal, veremos que é um número irrisório. Não faço a menor ideia de como fica essa estatística, mas acredito que fique bem abaixo de 0,01% de voos que terminam em tragédias. Sendo assim, não há motivos racionais para ficar com medo da experiência “andar de avião”.

Mas vamos abrir um precedente e considerar que esse argumento é inválido, e que de fato as chances de se morrer num dia normal, que são de 0,0001% sobem para assustadores 5% (isto é, a cada vinte voos que decolam, é provável que pelo menos um deles seja vitimado por uma tragédia). Então, considerando que o perigo que corremos num voo é real, o medo passa a ser justificado? Pensemos no medo segundo seu valor adaptativo. Pra quem não sabe, do ponto de vista evolutivo, o medo tem duas funções básicas para qualquer espécie animal: preparar seu organismo física e emocionalmente para lutar ou fugir, frente a um inimigo ou situação de perigo real. Em nosso exemplo hipotético, qual é o perigo real? A queda do avião. Considerando esse perigo real, de qual forma o medo pode nos auxiliar a preservar nossas vidas? Podemos lutar contra a queda do avião? Podemos de alguma forma fugir, saltar da aeronave, contornando dessa forma, o risco de morte?

Acredito que com esses dois argumentos – o argumento estatístico e o argumento da ineficácia funcional do medo – eu consigo convencer qualquer um de que o medo é inútil nessas situações. Afinal, é improvável que aconteça algum acidente. E, se acontecer, é improvável que o medo seja a variável determinante no desfecho da tragédia – a saber, sua sobrevivência ou sua morte.

Mas aí que vem o X da questão, que mesmo depois dessa metacognição, prevalece: mesmo sabendo disso tudo, na hora H, quando o avião decola e perde contato com o solo, como fazer para que o medo não tome conta de nós? Eis o problema que eu ainda não dei conta de solucionar. Talvez, a melhor solução seja tomar um calmante e dormir durante o voo. Torcendo, é claro, para que aquela não seja a última vez que você vai dormir.


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

O Chaveiro

Este texto segue um estilo teatral, nonsense. Para ler outro texto teatral nonsense já publicado neste blog (este outro pelo R), clique aqui. Meus agradecimentos a Srta. Rocha pela inestimável ajuda e comentários tecidos na fase de elaboração deste texto. Para conferir os trabalhos de minha amiga, acesse o blog dela clicando aqui.

Cena Única

Local da cena: Loja do Chaveiro. Um pequeno ponto comercial, composto de um balcão de vidro, onde estão expostos vários modelos de chaves e de fechaduras. Do lado de dentro do balcão, está o chaveiro, confeccionando a cópia de uma chave. Na parede ao fundo, dois papeis A4 estão pregados na parede. Num deles consta a tabela de preços dos serviços prestados pelo chaveiro e noutro, em letras maiúsculas, ocupando boa parte da página, alinhado à esquerda, constam os dizeres: “NÃO FASSO FIADO”. Uma porta dá para o fundo da loja, inacessível ao público. Do lado de fora do balcão está um cliente, de pé em frente ao balcão, aguardando a conclusão da cópia pelo chaveiro.

CHAVEIRO – Já estou terminando sua cópia, amigo. É dois segundos.
CLIENTE 1 – Espero que dessa vez dê certo. Já é a terceira vez que tenho que retornar aqui na sua loja porque uma chave que o senhor me copia não entra na fechadura da porta de casa.
CHAVEIRO – Eu sinto muito pelo transtorno. Dessa vez vai funcionar, amigão.
CLIENTE 1 – É o que vamos ver.
(Entra outro cliente na loja)
CHAVEIRO – Boa tarde, amigão.
CLIENTE 2 – Boa tarde. Você tem algum DVD do Chaves?
CHAVEIRO – Tenho sim. Tenho os volumes 1, 2 e 3. Sai 5 dilmas cada.
CLIENTE 2 – E se levar os três tem algum desconto?
CHAVEIRO – (Pára o trabalho e olha para o Cliente 2) Olha, se o senhor levar os três eu faço um preço bom pro senhor. De vinte dilmas deixo pra quinze pro senhor, no pagamento à vista.
CLIENTE 2 – Então fechou. Eu vou levar.
CHAVEIRO – (Abandona seu trabalho de cópia da chave e pega os três DVDs numa gaveta, coloca numa sacola e entrega pro cliente. O Cliente 1 observa a cena incrédulo, por ter sido passado pra trás no atendimento) Tá aqui, amigão!
CLIENTE 2 – Beleza. (Entrega uma nota de vinte reais para o chaveiro)
CHAVEIRO – O senhor não tem trocado, não?
CLIENTE 2 – (Apalpa o bolso da camisa social e em seguida a enfia no bolso, à procura de dinheiro) Vixi, o pior é que eu não tenho. Tá ruim de troco?
CHAVEIRO – Então, eu até tenho troco, mas tá na minha gaveta e ela tá trancada e eu perdi a chave.
CLIENTE 2 – Caramba, que merda, hein? Pô, eu conheço um chaveiro muito bom, o cara é ponta firme, vou te deixar um cartãozinho aqui. (Tira um cartão do bolso e coloca em cima do balcão)
CHAVEIRO – Valeu, amigão.
CLIENTE 1 – Deixe um cartão pra mim também.
CLIENTE 2 – Toma. (Entrega um cartão para o Cliente 1) Bom, e como fazemos? O que você tem aí de 5 reais? Mais algum DVD do Chavinho?
CHAVEIRO – Tenho não, amigo. O volume 4 tá em falta, a procura tá sendo grande e eu não tive tempo de fazer mais cópias dele ainda. Mas eu tenho aqui um DVD da Kelly Key, com uma coletânea de canções dela mais o ensaio dela na Revista Playboy.
CLIENTE 2 – Opa, pode ser. Me passe ela aqui. (Pega o DVD passado pelo chaveiro) Agora só não errar o presente de aniversário do filhão, né gente? (diz rindo, dando uma cotovelada no Cliente 1, este contrariado pela demora) Até mais pessoal! (Sai da loja)
CHAVEIRO – Até! (olhando para o Cliente 1) O seu o que que era mesmo?
CLIENTE 1 – (Gritando) A chave bendita!
CHAVEIRO – Ah, sim. Sim. Aqui está, prontinha. A cópia e a original que o senhor me trouxe de modelo. (Entrega as duas para o Cliente 1) São dez paus.
CLIENTE 1 – (Gritando) Dez paus por uma chave que eu já paguei e não funcionou?
CHAVEIRO – Olha, calma, amigão. Eu tive meus gastos, essa é a terceira chave que eu gasto para resolver seu problema. O senhor precisa entender o meu lado também.
CLIENTE 1 – Tudo bem, já chega dessa ladainha. Mas é bom que funcione dessa vez. (Tira um baralho do bolso e começa a folhear as cartas) Hum, mas que droga. Está faltando o dez de paus desse baralho, acho que tirei ele quando fui jogar truco.
CHAVEIRO – Não tem problema, faz por sete pro senhor, pra melhorar pro seu lado e pra ficar bom pra nós dois, amigão.
CLIENTE 1 – (Falando baixo, consigo mesmo) Sete de paus, sete de paus? Ah, achei! Aqui está, sete de paus. Certinho?
CHAVEIRO – Certinho. Muito obrigado senhor. Volte sempre!
CLIENTE 1 – (à parte, para a plateia) Espero nunca mais ter que voltar.
CHAVEIRO – (à parte, também para a plateia) Eu sei que ele voltará.
(O Cliente 1 sai da loja, ao mesmo tempo em que entra um garoto de 12 anos)
GAROTO – (arfando de cansaço) Oi, seu chaveiro.
CHAVEIRO – Moleque! Por que demorou tanto, assim? Que horário de almoço é esse que demora mais de 2 horas pra voltar?
GAROTO – Desculpa seu chaveiro, mas é que eu tava lá no...
CHAVEIRO – (interrompe a fala do garoto) Não quero nem mais, nem menos. Preciso que você corra pra mim fazer uma entrega lá na Banca do Tião, daqui a três quadras. Eu já teria ido lá, mas é que não posso deixar a loja sozinha.
GAROTO – O que é pra levar lá?
CHAVEIRO – Esse CD aqui. (entrega para o garoto uma capinha protetora contendo o objeto indicado) Diga para ele que no CD já tem o crack do Brasfoot e a chave de registro do jogo.
GAROTO – Sim senhor, seu chaveiro. E quanto ele tem que pagar?
CHAVEIRO – São cinco contos, como nós combinamos. Ele já tá sabendo do preço. Mas avise pro Tião não bancar o engraçadinho pra cima de mim: nada de contos dos Irmãos Grimm. Quero contos que engrandeçam nossa cultura regional.
GAROTO – Sim senhor. Vou lá. (sai correndo)
CHAVEIRO – Vá, meu filho. (para si próprio, esfregando as mãos) Eis aí a minha próxima cliente.
(Entra uma mulher, de aproximadamente 40 anos)
CLIENTE 3 – Boa tarde, Chaveiro.
CHAVEIRO – Boa tarde. (em tom galanteador, com uma certa mesura) Em que posso servi-la?
CLIENTE 3 – Chaveiro, aqui você também troca segredo?
CHAVEIRO – Claro que sim! (coloca os cotovelos sobre o balcão, apoiando o queixo nas mãos, começa a falar mais baixo, em tom de fofoca) Vai, me conta: qual é o seu segredo?
CLIENTE 3 – (Também diminui o tom de voz) Eu fico até constrangida de falar, mas é que a sua mulher está dormindo com o açougueiro.
CHAVEIRO – (de súbito, assume trejeitos homossexuais) Mentira? Como você sabe disso?
CLIENTE 3 – Porque o açougueiro é meu marido, e eu flagrei os dois em pleno ato.
CHAVEIRO – E quando foi isso?
CLIENTE 3 – Ontem à noite, enquanto eu dormia. Em meu sonho.
CHAVEIRO – Impossível! Ontem à noite eu algemei minha esposa junto a cabeceira da nossa cama, totalmente despida, e joguei a chave fora. Pelo menos, foi assim que sucedeu em meu sonho! Não seria possível para ela estar em dois lugares ao mesmo tempo, seria?
CLIENTE 3 – Oh, Chaveiro, então qual é a chave deste mistério?
CHAVEIRO – Sinto muito, minha senhora. Mas desvendar o segredo da chave de mistérios é um serviço que há algum tempo já deixei de prestar, pois é muito difícil e dá pouco retorno.
CLIENTE 3 – (levando a mão direita à testa, em tom de tragédia) Oh, é uma pena. (e após uma pausa) E qual é o segredo que irá trocar pelo meu, Chaveiro?
CHAVEIRO – Ah, já ia me esquecendo, minha caríssima. (e diminuindo o tom de voz, acrescenta) Mas devo adverti-la que este é um segredo mui valioso, portanto deve permanecer guardado a sete chaves.
CLIENTE 3 – Literalmente?
CHAVEIRO – (arregala os olhos para a Cliente 3) Que pergunta tola, minha senhora. Bem sabes a resposta!
CLIENTE 3 – Perdão, Chaveiro. Rogo-te pelo seu perdão por tamanho disparate!
CHAVEIRO – (à parte, para a plateia) Que dramalhão! (e para a Cliente 3, em tom de voz mais baixo) O meu segredo não deve ser confiado a ninguém. E ei-lo entregue para ti: debaixo destas roupas, minha última peça consiste num ínfimo fio dental.
CLIENTE 3 – Oh, que repugnante visão! Por que estás usando apenas fio dental?
CHAVEIRO – É que o creme dental acabou e esqueci de comprar outro. Mas hoje mesmo passarei no mercado, para voltar a escovar meus dentes.
CLIENTE 3 – Ah, mas assim é melhor. (e após uma pausa) E me diga uma coisa: quanto foi essa troca de segredos, Chaveiro?
CHAVEIRO – Hum, deixe-me ver... O seu segredo foi bem revelador. Em contrapartida, eu o troquei por um a altura. Portanto, são cinquentinha.
CLIENTE 3 – Cinquentinha eu não tenho. Mas posso te pagar com uma 51? (diz isso, ao mesmo tempo em que retira da bolsa uma garrafa de Pirassununga)
CHAVEIRO – Aceito!
CLIENTE 3 – Mas antes de consumar o pagamento, eu solicito um conselho seu, Chaveiro.
CHAVEIRO – Será um prazer. Sobre o que se trata?
CLIENTE 3 – É que já faz exatamente uma semana que não consigo esvaziar o conteúdo dos meus intestinos. E eu queria saber se o senhor tem a chave para solucionar esse problema.
CHAVEIRO – Ah, mas isso é muito simples. (abre uma gaveta e de lá retira um poderoso laxante) Aqui está: esse remedinho é a chave que irá destrancar seus esfíncteres e que abrirá as portas do seu alívio. Recomendo que tome uma colherzinha desse produto, e que depois disso, passe no meu primo Relojoeiro, que ele tem uma solução para intestinos preguiçosos que não funcionam na hora certa. Ele diz que é tiro e queda: pegue esse produto com ele, e seu intestino continuará funcionando como um reloginho.
CLIENTE 3 – (sorrindo) Me ajudou muito, Chaveiro. Até mais.
CHAVEIRO – Foi um prazer ajudá-la, minha cara. (A Cliente 3 deixa a loja) Mais uma cliente satisfeita! E vem a próxima.
(Uma moça de aproximadamente 25 anos, muito bonita, entra na loja)
CHAVEIRO – Boa tarde, moça. Em que posso ajudá-la?
CLIENTE 4 – Boa tarde, Chaveiro. Estou profundamente apaixonada. Estou desesperada! Preciso de sua ajuda!
CHAVEIRO – Acalme-se, meu bem. Conte seu problema para mim.
CLIENTE 4 – Oh Chaveiro, me apaixonei por um homem mais velho, mas ele não dá a mínima para mim. Quero que me ajude a encontrar a chave para o coração deste homem.
CHAVEIRO – E quem é este homem? Me fale mais sobre ele, para que eu possa ajudá-la.
CLIENTE 4 –Quão tolo, és, Chaveiro! Este homem és tu!
CHAVEIRO – Eu?
CLIENTE 4 – Sim. Tu, Chaveiro. E como faço para ter acesso ao interior de seu coração?
CHAVEIRO – Antes, diga-me, menina: o que faz da vida?
CLIENTE 4 – Sou estudante de Serviço Social.
CHAVEIRO – Perdeste seu tempo então.
CLIENTE 4 – Como disse?
CHAVEIRO – Digo que, se acesso ao interior de meu coração é o que queres, está no caminho errado. Não o conseguirá através do Serviço Social. Precisas cursar Medicina, fazer especialização em cardiologia, e só assim terás acesso ao interior de meu coração.
CLIENTE 4 – Não há outro modo, meu senhor?
CHAVEIRO – Absolutamente! A menos, é claro, que escolhas o caminho mais fácil.
CLIENTE 4 – E qual seria este?
CHAVEIRO – Bem, há o açougueiro. E, como deves saber, ele possui facas, instrumentos perfurocortantes, verdadeiramente afiados. Podem auxiliar-te a acessar o interior de meu coração.
CLIENTE 4 – Tens razão, Chaveiro. A primeira opção me parece a certa, porém, está tão distante. Não sei se sou capaz de esperar tanto tempo. Creio definhar se não conquistar seu coração para mim. Por outro lado, a segunda opção, embora de solução imediata, não me parece tão certa. Preciso de tempo para pensar, refletir, e decidir-me. Mas agradeço-te pelos conselhos, Chaveiro. Você é o melhor. (levanta-se, preparando para sair)
CHAVEIRO – De nada, minha jovem. Estou ao seu dispor. A propósito, este serviço foi orçado em 50 dilmas.
CLIENTE 4 – Tudo isso, Chaveiro? Mas não disponho de tal quantia em espécie comigo. Posso pagar-lhe com cheque?
CHAVEIRO – Mas é claro, senhorita.
CLIENTE 4 – Oh, mas isto é ótimo. (enfia as mãos no interior de sua bolsa) Felizmente, eu carrego este apetrecho em minha bolsa. Sejamos breves. (retira da bolsa um tabuleiro de xadrez, monta apenas algumas peças e ensaia duas ou três jogadas, até colocar o rei do Chaveiro em xeque) Xeque!
CHAVEIRO – Muito bem! E um belo xeque. Sinto-me pago, moça.
CLIENTE 4 – Agora preciso ir. Mas devo voltar em breve, em busca de seu coração, Chaveiro.
CHAVEIRO – Aguardarei ansioso, minha cara. (A Cliente 4 sai da loja. Olhando para o balcão, diz para si mesmo) Oh, ela esqueceu o tabuleiro aqui. Mas agora já foi.
(O Cliente 1 reaparece)
CLIENTE 1 – Estou de volta!
CHAVEIRO – Tão cedo não esperava vê-lo. Mas se retornou, é porque meus serviços agradaram.
CLIENTE 1 – (Gritando) Nada disso. Mais uma vez sua chave não funcionou!
CHAVEIRO – Então façamos uma nova cópia. Nada de desistirmos. É como eu sempre digo: a chave para o sucesso é a perseverança.
CLIENTE 1 – (Gritando) Basta! Não quero mais seus serviços! Já entrei em contato com aquele chaveiro cujo cartão peguei de seu outro cliente. E ele ficou de ir em minha casa daqui meia hora. Irá resolver o problema pessoalmente. Só vim até aqui para reaver o meu dinheiro.
CHAVEIRO – Seu dinheiro?
CLIENTE 1 – Sim, meu dinheiro! Como o serviço não foi realizado a contento, sinto-me em meu direito de reivindicar a devolução do montante pago.
CHAVEIRO – (olha para o tabuleiro em seu balcão. Em seguida, olha para o cliente e diz) O senhor aceitaria, por um acaso, o ressarcimento em forma de cheque?
CLIENTE 1 – (pego de surpresa) Não vejo nenhum mal. Desde que eu seja ressarcido.
CHAVEIRO – (desfaz o último movimento realizado pela Cliente 4, vira o tabuleiro 180 graus e diz) Pois bem, que assim seja então. (Repete o movimento de xeque realizado pela Cliente 4)
CLIENTE 1- Pois bem, estou ressarcido. Vira as costas e vai embora.
CHAVEIRO - (olhando para a plateia) E assim foi mais um dia de trabalho. Abaixa as portas e vai embora.

FIM.

Se este texto não fez nenhum sentido para você, tampouco o fez para mim.