{Chega ao final esta saga, com a quarta parte da trilogia, que foi um dos grandes erros que cometi na minha vida. Até que enfim estou livre deste texto, e agora posso partir para produções mais interessantes, num futuro próximo.}
Tentando cumprir o desafio
que Bazé lhe propôs, Matheus estava numa rua escura, praticamente deserta. Num
canto onde a escuridão imperava totalmente, duas silhuetas observavam, ocultas
por sua pela também negra: Cotó e Fósforo. Finalmente, depois de dez minutos
sem qualquer sinal de vida, uma idosa surgiu, caminhando lentamente, apoiada em
sua bengala, alheia a qualquer coisa a sua volta.
- Parada aí vovó! – gritou
Matheus, anunciando o assalto.
Eis que a velha dá um grito
de susto, ao mesmo tempo em que tira da bolsa um spray de pimenta, lançando-o
contra os olhos de Matheus, que grita de dor. Cego, Matheus só consegue pensar
na dor. E a velha, com uma destreza impressionante, bateu com a bengala na
virilha de Matheus, com força também impressionante para uma idosa. A excelente
mira fez com que ela acertasse exatamente onde havia mirado: nos testículos de
Matheus. Este não precisaria mais fazer vasectomia, pois o golpe o esterilizara
por completo.
- Bandido! Vagabundo!
Cafajeste!
A velha batia em Matheus,
que começou a correr cegamente pela rua, até que finalmente a velha desistiu de
persegui-lo e prosseguiu seu trajeto. Cotó e Fósforo foram até Matheus:
- Você tá bem mano?
- To. – respondeu Matheus,
só agora conseguindo abrir os olhos.
- Cara, o seu tempo já ta
acabando. Até agora você apanhou de uma velha, de um menino de 6 anos e de um
tetraplégico.
- Eu sei. Mas pó deixar que
no próximo não haverá erros.
[...]
Um homem vestindo terno
passa pela rua, quando Matheus o aborda, em sua última tentativa de cumprir a
missão de Bazé.
[Matheus] Mãos ao alto cara!
[Pastor Olívio] O Sangue de
Jesus tem poder! (ergue as duas mãos para cima, uma delas segurando a bíblia)
Matheus?
[Matheus] Pastor Olívio?
[Pastor Olívio] (sorri) Paz
do senhor Matheus! (estende a mão direita, em cumprimento a ele)
[Matheus] (também sorri e
retribui o aperto de mão) Paz do senhor Pastor Olívio. Como que o senhor tá?
[Pastor Olívio] Eu to bem, e
você?
[Matheus] Bem também. Agora
ergue as mãos de novo!!!
[Pastor Olívio] Ok, Ok.
[Matheus] Agora passa a
grana!
[Pastor Olívio] Mas eu estou
sem dinheiro, meu filho. Acabei de sair do culto, estou indo para casa à pé,
pois nem dinheiro pro lotação eu tenho. Meu filho, a sua braguilha está aberta.
[Matheus] (olha para baixo)
Hum, é mesmo. Peraí, segura pra mim fazendo um favor. (entrega o revólver para
o Pastor Olívio, que segura a arma apontada para a barriga de Matheus, enquanto
este fecha tranquilamente a braguilha) Pronto, obrigado! Agora mãos ao alto de
novo!
[Pastor Olívio] Meu filho,
mas por que prossegue com esta loucura? Acaso não conhece os caminhos de Deus?
Por que não foste mais à igreja?
[Matheus] Falta de tempo,
pastor. Lembra que eu te pedi para orar por mim, pois eu estava buscando um bom
emprego? Então, era desse emprego que eu estava falando.
[Pastor Olívio] Meu Deus do
Céu! Meu filho, mas isto vai contra os preceitos bíblicos. Você não pode roubar
os outros.
[Matheus] Dane-se!
[Pastor Olívio] E você acha que
consentirei com isso? Acha que permitirei que continue namorando com minha
filha após saber disso? (olha para o chão)
[Matheus] Que foi? Que que o
senhor tá olhando?
[Pastor Olívio] Seu cadarço.
Está desamarrado.
[Matheus] Ah, é mesmo.
Segura de novo aqui pra mim, fazendo um favor. (entrega a arma para o Pastor
Olívio, ajoelha-se e amarra o tênis, enquanto tem a arma perigosamente apontada
para sua cabeça) Obrigado. Voltando ao assunto... onde que a gente parou mesmo?
[Pastor Olívio] Na parte que
você me assaltava.
[Matheus] Ah é. Então
devolve meu revólver antes. (pega o revólver novamente) Ergue as mãos! Passa a
grana!
[Pastor Olívio] Mas meu
filho, quantas vezes eu tenho que te dizer que eu não tenho dinheiro.
[Matheus] Ah, e por falar em
dinheiro, eu não dei o meu dízimo do mês passado. Mas olha que sorte, ele está
aqui no meu bolso. Toma pastor. (entrega um envelope para o Pastor Olívio). Ore
por mim.
[Pastor Olívio] Ok. Erga
suas mãos. (Matheus entrega a arma para o Pastor Olívio, e ergue as mãos, à
moda dos crentes. Com uma das mãos, o Pastor Olívio segura a arma de Matheus e
a outra fica posicionada sobre a cabeça de Matheus, numa típica imposição de
mãos.) Pai, nós estamos aqui nesta noite...
[Matheus] SIM PAI!
[Pastor Olívio] Para orarmos
pela vida do teu servo Matheus, Pai...
[Matheus] SIM, OH PAI!
[Pastor Olívio] Oh Deus, nós
te agradecemos pelo dízimo do teu servo...
[Matheus] SIM, OH DEUS!
[Pastor Olívio] E pedimos
que o Senhor abra as portas do céu e que a vida dele transborde com as tuas
bênçãos...
[Matheus] Ô ALELUIA!
[Pastor Olívio] Encha-o das
tuas riquezas...
[Matheus] ALELUUUUIA!
Um carro da polícia passava
naquela rua no momento da oração. Matheus e Pastor Olívio estavam tão
concentrados que sequer perceberam. Os policiais, quando viram a cena,
interpretaram-na de forma completamente distorcida. Ambos os policiais da
patrulha daquela região viram um bandido de terno, assaltando um rapaz
(Matheus). Este aparentava tanto medo que estava, além dos braços erguidos, com
os olhos cerrados. O outro, além de apontar-lhe o revólver na fronte, impunha a
mão na cabeça do outro, numa estranha ameaça que falava ao pé de seu ouvido.
Assim que viram a cena, os policiais não titubearam. Pararam o carro, desceram
já sacando as armas, e atiraram na cabeça do Pastor Olívio.
[Pastor Olívio] Por isso nós
te pedimos e te agradecemos, em Nome de Jesus...
Estampido de tiros.
[Matheus] AMÉM!
[FIM]
Que final em Limão! Que final...
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