{Aprecie agora mais uma parte desta saga, que foi um dos maiores erros que já cometi neste blog.}
O escritório na verdade era
uma cozinha simples, com um fogão repleto de restos de comida, especialmente
pizza, e uma mesa de madeira ordinária com três cadeiras. Matheus sentara-se
ereto numa delas, bem de frente a Bazé. Matheus sentia o insuportável cheiro de
fezes que inundava a cozinha. E ele sabia exatamente de onde provinha o cheiro.
Os sucessivos sustos que levara quando apontaram a arma para sua cabeça fizeram
com que seus esfíncteres se soltassem, deixando que as fezes saíssem em
abundância de seu interior, sendo apenas contidas pela cueca branca que usava.
No escritório/cozinha, tentara se sentar com delicadeza, para impedir que a
situação fosse ainda pior. Mas de nada adiantou. Quando se sentou, sentiu o
excremento macio sendo apertado de encontro a sua bunda e espalhando-se em
contato com o períneo e testículos. O odor foi quase que imediato. Sentado à
sua frente, se Bazé sentia o cheiro, não o demonstrava de forma alguma.
- Então filho, o que é isso
na sua mão? – indagou Bazé, levando a latinha de cerveja à boca.
Matheus olhou para a mão e
lembrou-se que carregava o seu currículo e demais documentos. Disse para Bazé
do que se tratava. Bazé pediu que lhe entregasse seu currículo. Pegando o
currículo da mão de Matheus, Bazé tirou do bolso um isqueiro e queimou-o, sem
sequer lê-lo, para estarrecimento de Matheus.
- Tu já matou? – perguntou
Bazé.
- Não senhor.
- Já roubou?
- Não senhor.
- Tem passagem?
- Não senhor.
- Tu sabe usar uma arma?
- Não senhor, mas tenho interesse
em aprender.
A bofetada pegou-o de
surpresa. Sempre ouvira em palestras que, quando não tivesse experiência em
algo, deveria demonstrar ao entrevistador que tinha interesse em aprender.
Aparentemente, Bazé não gostara da resposta.
- Nunca mais repita isso,
filho! – disse Bazé, em tom admoestador, mas sem erguer o tom de voz. E após
uma pausa – Tu usa droga? Tem algum vício?
- Não senhor. Não senhor.
- Ótimo. – Bazé sorriu. Em
seguida, levantou-se e começou a andar pelo pequeno escritório/cozinha. – Filho,
eu gostei de você. Pra mim o cara tem que ter muito sangue frio e muito peito
pra cagar, sentar em cima e fingir que ninguém percebeu. – Matheus enrubesceu.
– Porém eu preciso fazer um teste contigo, pois preciso que tu me dê uma prova
do teu valor, de que pode trabalhar pra mim. Tu topa fazer o teste?
- Sim senhor.
- Nunca mais me chame de
senhor! – gritou Bazé, ao mesmo tempo que desferia nova bofetada em Matheus.
Este sentiu que sua cabeça iria explodir, tamanha a força empregada na bofetada
que recebera. Em seguida, numa súbita mudança de temperamento, Bazé disse
sorrindo, com a voz mais mansa do mundo – Me chame de Bazé.
- Sim, Bazé. – falou
Matheus, lutando contra a vontade de levar a mão para massagear a face
atingida.
- Outra coisa importante:
aparência! Se tu for trabalhar pra mim, precisa ter aparência. Olhe só para
você, como está ridiculamente vestido! O que é que vão dizer de mim, se virem
que um cara que trabalha pra mim se veste desse jeito? Trate de mudar de roupas
para o teste.
- Sim se... Sim, Bazé. –
disse Matheus, corrigindo-se a tempo.
- Ótimo. O teste será bem
simples. Tu vai pegar uma arma e vai ter que fazer uns assaltos. Não me importa
quem tu vai assaltar, desde que não seja alguém aqui das minhas quebradas. O
importante é que tu levante 500 pilas pra mim até meia-noite. O Cotó e o
Fósforo vão te emprestar uma arma pra tu poder trabalhar. Eles também vão te
seguir e te vigiar pra ver se tu não tá trapaceando. Depois eles vão me contar
como foi tudo. Tu tem até meia-noite pra voltar com pelo menos 500 pilas aqui,
em dinheiro ou em produtos. Boa sorte.
- Obrigado. Prometo não
decepcioná-lo, Bazé. – disse, Matheus.
- Mas é um viado mesmo... –
disse Bazé consigo mesmo. – Ok filho. Mas antes trate de tirar essa merda de
roupa.
[CONTINUA]
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