domingo, 12 de agosto de 2012

O Emprego - Parte II


{Quando comecei a escrever este texto, ainda me encontrava desempregado. Agora, no momento em que posto a parte II desta trilogia, já estuo trabalhando e me encontro extremamente cansado, apresentando sinais claros de burnout. Mas como isto não vem ao caso, passemos a continuação da história, que ainda segue meus princípios éticos de suprimir qualquer palavra de baixo calão do texto, substituindo-as por expressões mais leves.}

Assim que Matheus abriu e atravessou a porta, um dos rapazes que se encontrava sentado ali na sala gritou, após uma súbita injeção de adrenalina.

- Mas poxa vida! Atira nele Cotó! Atira!

O companheiro dele, Cotó, também com uma injeção de adrenalina a inundá-lo, sacou o revólver e já ia atirar, quando Zeca apareceu gritando e tentando apaziguar a situação:

- Droga, não atira não, Cotó! Esse aqui é o Matheus de quem eu tinha falado. O chefe de vocês vai conversar com ele para oferecer um trampo pra ele!

- Droga Zeca! E porque você não disse antes que esse tal de Matheus era branco? - indagou Fósforo, irritado com a situação, e também apreensivo para ver se Cotó realmente controlaria o impulso de puxar o gatilho.

- Ih, mano, foi mal. Eu esqueci completamente desse detalhe... – desculpou-se Zeca.

Matheus tinha taquicardia. O susto fora tremendo. Nem deu tempo para se recuperar da emoção inicial. A porta que dava acesso a outro cômodo da casa abriu-se. Dela, apareceu um homem negro, vestindo uma camiseta regata branca, que deixava os braços musculosos e cheios de tatuagem à mostra. Assim como os demais, também vestia shorts e chinelas. Tinha brincos nas orelhas, anéis em vários dedos e uma grande corrente pendurada no pescoço, com um pingente em formato de letra B.

- Mas o que é que tá acontecen... DROGA! – disse Bazé, o negro forte, da corrente no pescoço, ao mesmo tempo que sacava a arma e dava o primeiro tiro na direção de Matheus.

- Calma Bazé! Calma Bazé! – gritaram em uníssono, Cotó, Fósforo e Zeca. Os gritos serviram para que Bazé parasse, antes de puxar o gatilho pela segunda vez. Aparentemente, Bazé também confundira Matheus com um tira à paisana. Depois de explicarem o mal entendido para Bazé, este disse:

- Caras, vocês me assustaram legal! – e olhando para Matheus, que ainda tremia sem parar – E você deu uma sorte imensa, piá. Quando eu atiro, eu não costumo errar. – e depois mostrou um radiante sorriso, ao mesmo tempo que se aproximava e punha uma das mãos sobre o ombro de Matheus – Vamos entrar no meu escritório para conversarmos, campeão!

[CONTINUA]

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