... sobre Libertadores, Eurocopa
e Carlinhos Cachoeira.
Fugindo um pouco do intuito
do blog, que é o de fazê-lo rir, esta postagem não terá a menor graça¹. Se seu
objetivo é rir, não leia este post. Leia este. Esta postagem é apenas um
desabafo pessoal.
Falarei de alguns temas atuais, que estão na mídia todos os dias. Começo falando da paixão nacional: o futebol. Como todos sabem, hoje é o dia do primeiro jogo da final da Taça Libertadores da América, principal torneio continental das Américas. E o meu Corinthians, depois de 101 anos de gozações, finalmente chegou a uma final. O Corinthians, apesar de jamais ter vencido este torneio e busque o título inédito, é um time que sempre é manchete nos jornais. E uma das frases prontas que me deixa puto é aquela que diz que o Corinthians é o Brasil na final da Libertadores. Todo mundo sabe que o Corinthians não é o Brasil na Libertadores. O Corinthians é os corinthianos na Libertadores. Torcedores rivais vão torcer contra o Corinthians, porque todo mundo quer ver o Corinthians se ferrar. Creio que o Corinthians é muito mais a Argentina na Libertadores do que o Boca Juniors, isso sim.
Esta final tem uma
importância muito grande para o clube alvinegro na temporada de 2012.
Provavelmente, estes dois jogos da final contra o Boca Juniors serão dois dos
jogos mais importantes da história do clube. Agora, eu me pergunto: quem é que
foi que fez a merda do regulamento da Libertadores? Vou lembrar os mais
esquecidos que nas fases de mata-mata (oitavas, quartas e semifinais), existia
a regra do gol fora com peso maior. Não explicarei a regra em detalhes aqui,
pois quem tiver interesse em conhecê-la, que pesquise no oráculo. Eu até
entendo o motivo de terem criado a regra do gol fora: com a valorização dos
gols marcados no estádio do time mandante, os organizadores da competição visam
incentivar o time visitante a buscar o gol adversário, e não apenas jogar na
retranca, pelo empate. Só que na final do torneio, esta regra simplesmente
desaparece. Completamente sem lógica. Eu até entenderia o sumiço desta regra,
se fizessem igual fazem na Champions
League, uma final em partida única, disputada em estádio definido antes
mesmo da competição começar. E ainda assim não daria muito certo, pois aqui não
é a Europa e o interesse por jogos de times não locais não seria igual. Mas
voltando a mudança de regra na final da Libertadores, pra mim a Conmebol cagou
no regulamento.
Outra competição que está
acontecendo concomitantemente com a Libertadores é a Eurocopa. Se você é o tipo
de pessoa que não se interessa por Eurocopa, eu respeito seu desinteresse.
Agora, se o motivo pelo qual você não se interessa pela Eurocopa é pelo fato da
seleção brasileira não disputar esta competição, eu lamento pela sua existência
e espero que você morra. Os organizadores da Eurocopa, com inveja dos
organizadores da Libertadores, também quiseram defecar no regulamento desta
competição. Ainda na fase de grupos, pude notar que o confronto direto é o primeiro
critério de desempate quando duas ou mais equipes terminam com mesmo número de
pontos. Considere o seguinte caso hipotético do grupo X:
ESPANHA
5 x 0 PORTUGAL
ALEMANHA
3 x 3 ITÁLIA
ITÁLIA
0 x 0 ESPANHA
ALEMANHA
1 x 0 PORTUGAL
PORTUGAL
0 x 3 ITÁLIA
ESPANHA
1 x 1 ALEMANHA
O fato incontestável neste
grupo é que tivemos um tríplice empate entre Espanha, Alemanha e Itália, que
terminaram com 5 pontos cada. Portugal foi o saco de pancadas do grupo, e não
pontuou. Apenas duas equipes passam de fase, portanto, uma das três equipes que
somaram 5 pontos deverá ser eliminada. No meu entendimento, a Espanha deveria
se classificar em primeiro lugar, pois teve a melhor campanha, com saldo de
gols +5, e em segundo lugar deveria ficar a Itália, pois teve saldo de gols +3.
A Alemanha, com +1, ficaria em terceiro lugar e seria eliminada. Mas pelo
belíssimo regulamento da Eurocopa, não é assim que funciona... Pra começar,
devemos ignorar todos os jogos de Portugal, pois eles não nos interessariam.
Sobram os três empates entres os três times que disputam duas vagas. O critério
de desempate seguinte são os gols pró. Neste caso, pelo regulamento da
Eurocopa, a Alemanha se classificaria em primeiro lugar, pois fez 4 gols nos
confrontos diretos; em segundo lugar, ficaria a Itália, pois fez 3 gols; e
eliminada, em terceiro lugar, ficaria a Espanha, pois fez apenas 1 gol. Note
que não importa se a Espanha venceu Portugal por um à zero ou por mil à zero.
Isto é irrelevante como critério de desempate. Acho meio que um contrassenso
uma classificação que não privilegia as melhores campanhas.
Seguindo com minha ladainha,
devo criticar a Globosta por transmitir apenas os jogos decisivos. Eles não
transmitem nada da competição. Aí chega nas quartas de finais e resolvem
transmitir Espanha x França. Parabéns Globosta! Já a Band, que por sinal tem
uma transmissão que eu gosto muito, peca ao exibir o poderoso Campeonato
Brasileiro aos domingos, ao invés de passar a Eurocopa. O Campeonato Brasileiro
tem edições anuais, com duração de oito meses cada. A Eurocopa tem edição
quatrienal, com duração de apenas um mês. E ainda assim, a Band acha preferível
transmitir em TV aberta o jogo do Brasileirão. Como diria o craque Neto: É
BRINCADEIRA?!
Outra coisa que me deixa
puto da vida quando tô assistindo um jogo internacional, é quando o narrador ou
os comentaristas dizem “o brasileiro Pepe, o brasileiro Thiago Motta, o
brasileiro Eduardo Silva”. Meu deus! Eles não estão defendendo o Brasil e não
são brasileiros! Se bobear esses caras nem sabem onde fica o Brasil! Então
parem de contar vantagem quando o brasileiro
Pepe jogar bem ou fizer gol. Mas se realmente insistirem em falar dos “brasileiros”,
então falem integralmente. E não se esqueçam de falar também que o brasileiro Marcus Túlio Tanaka (olha o
Tanaka na pista) matou quebrou o braço do Didier Drogbá.
Enquanto eu escrevia este
texto, a Espanha eliminou Portugal nos pênaltis. Espero que amanhã a Alemanha
vença a Itália (apesar de apreciar as duas seleções), pois gostaria de ver novo
jogo destas duas seleções. Espero apenas que, na eventual final, desta vez a
Alemanha não traia o seu próprio estilo de jogo contra os espanhóis, indo para
a retranca e cometendo suicídio. Que joguem o mesmo futebol que vêm jogando.
sendo o destaque da equipe na Eurocopa até o momento.
Bom, pra não dizerem que
todo brasileiro é alienado e só sabe falar de futebol, gostaria de encerrar
esta merda de postagem falando do caso Carlinhos Cachoeira. O que quero
falar é bem simples. Que o Sr. Carlos é um mafioso, isto não se pode
questionar. Seguindo a mesma ideologia da Omertà
da Máfia siciliana, os interessados estão dispostos a ameaçar e até mesmo
silenciar os envolvidos na rede do crime organizado. O que eu não entendo é o
seguinte: o Sr. Márcio Thomaz Bostas Bastos, advogado de defesa do Sr. Cachoeira,
procura achar irregularidades na “colheita” de provas, tais como gravações,
alegando que as mesmas não teriam sido autorizadas pela justiça. Em outras palavras,
vendo que seu cliente é culpado, ele parte para outra estratégia: invalidar as
provas. Me sinto atoleimado ao pensar que a justiça brasileira dá margem para
tal atitude. Então quer dizer que se as provas foram colhidas irregularmente, isto
faz com que o Sr. Cachoeira passe a ter uma conduta ilibada? O caráter
criminoso de suas ações simplesmente deixaram de existir? Ou melhor, jamais
existiram? Quem explica uma merda dessas?
Márcio Thomaz Bastos, advogado, ex-escritor e ex-Ministro da Justiça.
Na foto da esquerda, seu antigo cabelo, quando ainda escrevia, sob o pseudônimo
de Ferreira Gullar. Na imagem da direita, uma foto atual, enquanto acompanha o
caso de seu cliente bandido injustamente indiciado.
Em mês de Festa Junina, Carlinhos Cachoeira se gaba por ter uma das maiores
e mais bem sucedidas quadrilhas do Brasil. (Créditos da foto e do trocadilho: Kily)
Pra finalizar de vez, ouvi
num jornal hoje (mas não no Jornal Hoje) que o senador Demóstenes Torres fez um
pedido para não cassarem seu mandato. Aí algum outro bandido cara de lá
disse que iam marcar um dia para votarem sobre a cassação ou não do mandato
dele. E a maracutaia já está armada, pois marcaram a votação para uma data
próxima ao recesso parlamentar, quando todos os nossos queridos políticos estão
cansadinhos de tanto roubar trabalhar. E pra fechar com chave de ouro, o
maior motivo da minha indignação, o voto será secreto, assim como foi no caso
da Jaqueline Roriz. A história se desenrola novamente, do mesmo modo. Este voto
secreto é apenas uma artimanha para que políticos com o rabo preso possam votar
na moita, sem que ninguém saiba qual foi seu voto. Aí é fácil dizer que votou a
favor ou contra a cassação, sendo que ninguém saberá se diz ou não a verdade.
Eu quero ver é político votar contra a cassação, sem essa de voto secreto, e
depois justificar-se perante a sociedade do porquê de seu voto. E ainda tem uns
deputados vagabundos, como o Sr. Silvio Costa, que fica bravinho quando
entrevistado pela reportagem do CQC e diz²: “Por que é que eu tenho que
explicitar o meu voto aqui?”. Eu respondo para o senhor: porque quando o senhor
queria estar “aqui”, vossa excelência pediu em rede nacional o voto de seus
eleitores, pois seria o representante deles. E como o povo pode saber se o
senhor representa os interesses e inclinações ideológicas deles, se vossa
excelência vota secretamente? Vossa excelência é desprovido de honestidade e de
honradez”.
Demóstenes Torres, antes de iniciar sua vida política, era empresário de celebridades
instantâneas. Na foto acima, vemos ele conversando com As Esquiletes,
popular grupo musical que ele promoveu antes de começar a roubar se eleger senador.
Termino citando literalmente
a fala do Marcelo Tas, no dia em que a reportagem que acabei de aludir foi ao
ar²: “POR QUE QUE EU DEVERIA REVELAR O MEU VOTO? EU VOU DIZER. SABE POR QUÊ?
PORQUE VOCÊS SÃO FIGURAS PÚBLICAS! CÊS FORAM ELEITOS PELO POVO! O POVO TEM
DIREITO SIM DE SABER PORQUE... O QUE QUE VOCÊS VOTARAM! PORRA! É CLARO QUE TEM
DIREITO DE SABER! POR QUE QUE NÃO TEM?”.
¹ E as outras têm graça?!
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