quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Barba

Ontem eu fiz a barba, depois de uns 50 dias sem fazê-la. Talvez o leitor que desconheça minha identidade pense: "nossa, então você realmente estava barbudo! 50 dias sem fazer a barba, deveria estar um Papai Noel da vida."

E é justamente nesta parte que o ingênuo leitor se engana. Minha barba, apesar dos 50 dias de folga para ela crescer (que nem grama), continuou pequena, irregular, cheia de falhas. É vergonhoso que um homem - se é que posso me chamar de homem, dada minhas características físicas infantis - de 20 anos possua menos barba do que um adolescente de 13 anos.


Não vou negar, até que eu tinha muito pêlo no rosto, mas como já dito, mal distribuído. Em alguns lugares, o rosto ainda era visto descoberto, enquanto que logo ao lado, um ponto da face que parecia o rosto de um homem. Parecia.


Por algum estranho motivo, eu sempre comparei meu penteado ou até mesmo minha barba com a de pessoas famosas, em geral atores. "Vou deixar a minha barba igual a do Johnny Depp", pensava eu, como se o simples fato de deixar a barba igual a desse brilhante ator me qualificasse com os mesmos atributos dele. A verdade é que Johnny Depp - assim como outros tantos atores - é considerado famoso, talentoso, rico e bonito pelo simples fato dele ser Johnny Depp. Não é sua barba que o torna tão bom, ela é apeans um complemento. Johnny Depp é o cara simplesmente porque é Johnny Depp. E convenhamos, por mais parecido que eu fique com Johnny Depp, eu ainda serei um pobre, anônimo, desconhecido e sem talento, enquanto que ele sim continuará sendo Johnny Depp. Johnny Depp ainda será o cara ainda que raspe o bigode, a barba, o cabelo ou a churanha.


Quando se é adolescente, um patético fenômeno acontece. No auge de nossas barbas, nos vemos de uma determinada maneira, quando na verdade as pessoas nos veem completamente diferente. Geralmente nenhuma das duas visões retratam a realidade. Numa tentativa de nos afirmarmos para nós mesmos e para os outros, queremos parecer o mais másculos possíveis. Mas eu garanto: tais tentativas de parecer másculo é um engodo, já que um instinto de autopreservação moral faz nosso senso de ridículo desaparecer.


Por isso a dica de uma pessoa com experiência no assunto (
eu) não é de se desprezar: se sua barba é rala, com falhas, não a deixe. Raspe todos os pêlos de seu rosto, deixando ele como bunda de neném. As pessoas já te veem assim mesmo, então o ideal é que você próprio também se veja assim, para evitar traumáticas experiências na adolescência, como aquela vez em que eu estava com uns amigos e... deixa pra lá.






Como você se vê quando está com
a barba por fazer e olha no espelho: ilusão de ótica motivada pelo grande sonho de se autoafirmar como o macho da espécie.









E como você realmente está. Repare
nos pêlos do rosto do jovem, se for capaz. Seu desejo de ser o macho dominante não o deixa ver a realidade, fazendo-o cair na ilusão de ótica da figura anterior.










Como você se vê perante a sociedade na adolescência...








... e como a sociedade te vê realmente.

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