domingo, 11 de janeiro de 2015

Fotografia

Gostaria de agradecer à minha irmã pela ajuda nesta postagem. Valeu sua fedida!


Houve uma época em que tirar uma foto significava não apenas registrar um momento, mas uma vida, uma existência. A imagem abaixo ilustra o caráter da fotografia, quando esta ainda engatinhava, em seus primórdios.


Fotografia de Dom Pedro II.

De fato, antes da invenção da fotografia, as pessoas só conseguiam registrar sua imagem através de retratos, confeccionados por pintores especializados nesta tarefa. A imagem abaixo é um exemplo disso.


Darwin não viveu no período em que as fotografias já existiam, portanto, só temos representações suas em forma de pinturas. Sendo assim, não é possível afirmar com certeza se essa é uma cópia fiel da real aparência do naturalista inglês.

Os famosos retratos de família consistiam muitas vezes no ÚNICO registro que um clã possuía durante toda sua existência. Esta foto era uma relíquia, na qual mantinham um registro de todos os membros, mesmo após a morte de qualquer um deles.


Um antigo retrato de família.

Com o passar dos anos, a função social da fotografia sofreu diversas modificações. O acesso a técnica profissionalizou-se, mas ao mesmo tempo as câmeras passaram a ser acessíveis a diferentes públicos, que também puderam brincar de fotógrafos e registrar momentos no dia-a-dia.


Uma bela fotografia feita por um fotógrafo amador, mas já é quase semi-profissional.

Já faz algum tempo que a câmera fotográfica vem sendo utilizada pelo povo em geral, principalmente para registrar momentos especiais, como casamentos, nascimentos e festas de aniversários.


Típica foto de um passeio ao zoológico.

No entanto, atualmente, tirar foto se tornou algo corriqueiro, passou a fazer parte do cotidiano das pessoas. No Facebook, por exemplo, é hábito dos usuários publicarem uma foto recém tirada de si mesmos, sem nenhum motivo específico. Existe até quem cace likes na internet. E para isso, vale tudo: ressaltar as curvas da cintura, mostrar as pernas, salientar os seios. Um exemplo de perfil de uma usuária do Facebook com esse objetivo é o da Fatinha.

A arte de fotografar a si mesmo, que existe desde os tempos do finado Orkut, agora ganhou um nome: selfie. Essa é uma prática que sempre existiu, mas que só agora resolveram usar uma palavra inglesa para se referir a essa “modinha”¹.


Selfie nos tempos do Orkut. Não mudou muita coisa daqueles tempos pra cá.

A minha primeira crítica é para as pessoas que tiram excesso de fotos, como a Fatinha. Pra mim, isso significa uma de duas coisas: ou a pessoa tem a auto-estima muito comprometida, e só consegue se afirmar através do número de curtidas e de elogios que recebe no Facebook², ou ela tem excesso de narcisismo, considerando-se a última bolacha do pacote. Pois só isso justifica uma pessoa se fotografar diante do espelho o tempo todo, sem nenhum motivo para tal.

A minha segunda crítica é em relação à nova prática do selfie: as fotos coletivas. Não tenho nada contra as pessoas se fotografarem e registrarem seus momentos. Mas já vi casos em que as pessoas estão tão preocupadas em registrar um momento que estão vivendo – pois, afinal de contas, precisam ostentar (outra palavra modinha) o quão interessante está sendo tal experiência –, que se esquecem do mais importante: de vivenciar intensamente aquele momento.

Por fim, quero fazer a minha terceira e última crítica – eu não podia deixar passar essa oportunidade –, que é em relação ao pau de selfie. Confesso que até uma semana atrás, eu nem sabia o que vinha a ser a piroca de selfie. Fui lá, joguei no Google, para descobrir do que se tratava. Pelo que entendi, o pau de selfie consiste numa bengala que tem um suporte para fixar o aparelho que irá fotografar a galera. Aí quando eu vi, fiquei com cara do poker face, olhando para a tela do computador, pensando como o ser humano consegue a cada dia superar os seus próprios limites de estupidez... Como é que um ser humano é capaz de comprar um porrete só pra melhorar o enquadramento de suas fotos dentro da piscina, na churrascada, ou em qualquer outro lugar? Que sociedade consumista maldita é essa? Que tipo de lavagem cerebral é feita nas pessoas, a ponto de uma empresa inventar um produto desses e, pior, DAS PESSOAS ACREDITAREM QUE PRECISAM REALMENTE DELE³? Sem comentários. Encerro por aqui.


Vi essa foto na timeline de uma amiga do Facebook. Foi compartilhado pelo Psicologia da Depressão. Dou os devidos créditos de onde encontrei a imagem.



Um legítimo pau de selfie fake


¹ Utilizei o termo modinha entre aspas, pois considero que a modinha atual não é tirar fotos de si mesmo, mas sim referir-se a elas com o nome de selfie, uma vez que as mesmas, como dito acima, já existiam anteriormente, nos tempos do Orkut.

² Sempre me limito a falar do Facebook, mas o mesmo vale para Instagram e afins.

³ Para não dizer que sou ruim, compartilho um link de uma opinião favorável a vassoura de selfie aqui. Mas continuo discordando disso e achando uma grande bobagem.

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