Gostaria de agradecer à minha irmã pela ajuda nesta postagem. Valeu sua fedida!
Houve uma época em que tirar
uma foto significava não apenas registrar um momento, mas uma vida, uma
existência. A imagem abaixo ilustra o caráter da fotografia, quando esta ainda
engatinhava, em seus primórdios.
Fotografia
de Dom Pedro II.
De fato, antes da invenção
da fotografia, as pessoas só conseguiam registrar sua imagem através de
retratos, confeccionados por pintores especializados nesta tarefa. A imagem
abaixo é um exemplo disso.
Darwin
não viveu no período em que as fotografias já existiam, portanto, só temos
representações suas em forma de pinturas. Sendo assim, não é possível afirmar
com certeza se essa é uma cópia fiel da real aparência do naturalista inglês.
Os famosos retratos de
família consistiam muitas vezes no ÚNICO registro que um clã possuía durante
toda sua existência. Esta foto era uma relíquia, na qual mantinham um registro
de todos os membros, mesmo após a morte de qualquer um deles.
Um
antigo retrato de família.
Com o passar dos anos, a
função social da fotografia sofreu diversas modificações. O acesso a técnica
profissionalizou-se, mas ao mesmo tempo as câmeras passaram a ser acessíveis a
diferentes públicos, que também puderam brincar de fotógrafos e registrar
momentos no dia-a-dia.
Uma bela fotografia feita por um fotógrafo amador, mas já é quase semi-profissional.
Já faz algum tempo que a câmera
fotográfica vem sendo utilizada pelo povo em geral, principalmente para registrar momentos
especiais, como casamentos, nascimentos e festas de aniversários.
Típica
foto de um passeio ao zoológico.
No entanto, atualmente,
tirar foto se tornou algo corriqueiro, passou a fazer parte do cotidiano das
pessoas. No Facebook, por exemplo, é hábito dos usuários publicarem uma foto
recém tirada de si mesmos, sem nenhum motivo específico. Existe até quem cace likes
na internet. E para isso, vale tudo: ressaltar as curvas da cintura, mostrar as
pernas, salientar os seios. Um exemplo de perfil de uma usuária do Facebook com
esse objetivo é o da Fatinha.
A arte de fotografar a si
mesmo, que existe desde os tempos do finado Orkut, agora ganhou um nome: selfie.
Essa é uma prática que sempre existiu, mas que só agora resolveram usar uma
palavra inglesa para se referir a essa “modinha”¹.
Selfie
nos tempos do Orkut. Não mudou muita coisa daqueles tempos pra cá.
A minha primeira crítica é
para as pessoas que tiram excesso de fotos, como a Fatinha. Pra mim, isso
significa uma de duas coisas: ou a pessoa tem a auto-estima muito comprometida,
e só consegue se afirmar através do número de curtidas e de elogios que recebe
no Facebook², ou ela tem excesso de narcisismo, considerando-se a última
bolacha do pacote. Pois só isso justifica uma pessoa se fotografar diante do
espelho o tempo todo, sem nenhum motivo para tal.
A minha segunda crítica é em
relação à nova prática do selfie: as fotos coletivas. Não tenho nada contra as
pessoas se fotografarem e registrarem seus momentos. Mas já vi casos em que as pessoas
estão tão preocupadas em registrar um momento que estão vivendo – pois, afinal
de contas, precisam ostentar (outra palavra modinha) o quão interessante está
sendo tal experiência –, que se esquecem do mais importante: de vivenciar
intensamente aquele momento.
Por fim, quero fazer a minha
terceira e última crítica – eu não podia deixar passar essa oportunidade –, que
é em relação ao pau de selfie. Confesso que até uma semana atrás, eu nem sabia
o que vinha a ser a piroca de selfie. Fui lá, joguei no Google, para descobrir
do que se tratava. Pelo que entendi, o pau de selfie consiste numa bengala que tem um suporte para fixar o aparelho que
irá fotografar a galera. Aí quando eu vi, fiquei com cara do poker face, olhando
para a tela do computador, pensando como o ser humano consegue a cada dia
superar os seus próprios limites de estupidez... Como é que um ser humano é
capaz de comprar um porrete só pra melhorar o enquadramento de suas fotos
dentro da piscina, na churrascada, ou em qualquer outro lugar? Que sociedade consumista
maldita é essa? Que tipo de lavagem cerebral é feita nas pessoas, a ponto de
uma empresa inventar um produto desses e, pior, DAS PESSOAS ACREDITAREM QUE
PRECISAM REALMENTE DELE³? Sem comentários. Encerro por aqui.
Vi essa foto na timeline de uma amiga do Facebook. Foi compartilhado pelo Psicologia da Depressão. Dou os devidos créditos de onde encontrei a imagem.
Um legítimo pau de selfie fake
Um legítimo pau de selfie fake
¹ Utilizei o termo modinha entre aspas, pois considero que a modinha atual não é tirar fotos de si mesmo, mas sim referir-se a elas com o nome de selfie, uma vez que as mesmas, como dito acima, já existiam anteriormente, nos tempos do Orkut.
² Sempre me limito a falar
do Facebook, mas o mesmo vale para Instagram e afins.
³ Para não dizer que sou ruim, compartilho um link de uma opinião favorável a vassoura de selfie aqui. Mas continuo discordando disso e achando uma grande bobagem.
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