sábado, 17 de janeiro de 2015

Windows Live Messenger


O Windows Live Messenger¹ foi um mensageiro instantâneo muito popular no Brasil até alguns anos atrás. No entanto, ele foi desbancado pelo maldito Facebook maldito, que possuía a mesma funcionalidade de bate-papo que o MSN, além de ser um site de relacionamentos com outras funções que atraem o populacho. Mas é justamente a ausência da funcionalidade de rede social do MSN que faz dele uma ferramenta mais valiosa que o Facebook.

O Windows Live Messenger era o principal software utilizado para que pessoas com uma conta vinculada ao Live pudessem enviar e receber as mensagens instantâneas. No entanto, foi o nome MSN que popularizou o uso desse programa na linguagem dos usuários, marcando essa era da internet. Que, infelizmente, ficou para trás. =(

No MSN, fiz amizades, namorei, passei o tempo papeando e jogando e dei boas risadas. Esta postagem é uma daquelas nostálgicas que o Boretti fazia antes dele acertar na Mega Sena e abandonar o blog, aquele V1D4 L0K4 safado.

Antes de começar a falar propriamente do software Windows Live Messenger, quero falar do pré-requisito para utilizar o programa. Era necessário ter uma conta vinculada ao Windows Live, pacote de programas do qual o Messenger fazia parte. Em geral, as pessoas criavam conta no Hotmail, com um e-mail com domínio @hotmail.com, @msn.com ou @live.com. Mas principalmente no domínio @hotmail.com, verdadeiras pérolas apareciam no username dos usuários. Eis alguns exemplos de e-mails: bia_lindinha_fofinha@hotmail.com, ju_h_tinha_15@hotmail.com, bruno_sk8@hotmail.com, everton.crazy-life@hotmail.com, gigi_mina_fmz@hotmail.com, renato_27cm@hotmail.com. Até hoje sofro preconceito por minha preferência por continuar com meu e-mail @hotmail.com, dos tempos de MSN, pois, segundo um amigo meu, tal e-mail não transmite seriedade – sobretudo no universo acadêmico em que frequento atualmente. Obviamente, esse preconceituoso amigo só podia ser um adepto do bostoso Gmail...

Layout principal do Windows Live Messenger, onde o usuário visualizava todos os seus contatos, com destaque para os que estão online

A primeira coisa legal do Windows Live Messenger é que ele te anunciava quando um usuário entrava no programa. Isso era bacana, principalmente quando quem estava entrando era a pessoa com quem você queria falar. Contudo, tal função permitia abuso por parte de usuários. Um desses abusos era de usuários que bloqueavam e desbloqueavam seguidamente um determinado usuário, para que a mensagem “Fulano acabou de entrar” aparecesse seguidas vezes para esta "vítima", deixando bem claro que a pessoa queria se fazer notada. Se a pessoa, no entanto, quisesse encher o saco de não só um, mas de toda a sua lista de contatos, era só mudar seguidamente o status para invisível, disponível, invisível, disponível, quantas vezes quisesse, até travar o computador de geral que estava online. Domingão à tarde, quando estava rolando futebol na TV, direto alguém mudava seu nome para “GOL!!!” só para poder narrar para todo mundo que seu time do coração acabava de marcar um tento no jogo futebolístico. Tal prática só foi coibida quando entrou em vigor o Código de Ética da Internet.

Em geral, o abuso da notificação de entrada no Windows Live Messenger denotava uma carência do sujeito que usava tal ferramenta, como nosso amiguinho aí de cima.

Outra opção do MSN era a “ativar o que estou ouvindo”. Neste caso, todo mundo via qual era a música em execução no Windows Media Player do usuário. Algumas pessoas que utilizavam essa opção, inclusive, esqueciam que estavam invisíveis no status (para não serem incomodados), e acabavam se entregando, quando a faixa de sua música mudava, e, consequentemente, seu subnick do MSN. O Boretti mesmo era um desses engraçadinhos, que vivia com o status invisível, mas eu só percebia que ele estava curtindo um sertanejo universitário, principalmente canções do seu então ídolo da época, Luan Santana.

Um usuário utilizando o recurso “ativar o que estou ouvindo” do Windows Live Messenger

A foto de perfil de cada usuário também era um destaque do MSN. Alguns mudavam a foto da conta mais do que eu mudo de ceroulas. Outros, como eu, mudavam raramente. No meu caso, a foto que usei por mais tempo foi uma das fotos padrão do próprio MSN: um tabuleiro de xadrez. Já o Boretti, como bem me lembro, usava a imagem padrão do MSN de uma palmeira.

Minha saudosa imagem de perfil do MSN

O usuário também podia alterar o cenário do Windows Live Messenger. Basicamente, cada usuário podia personalizar sua conta para que a tela principal e as janelas de conversações ficassem do seu agrado. O programa já vinha com cenários instalados, mas o usuário poderia acrescentar outros, conforme seu gosto. O meu, é claro, era o mais escuro possível.

Tela de personalização do cenário do Windows Live Messenger

Outro aspecto que o usuário podia personalizar era sua fonte cujas mensagens apareceriam para os demais usuários. No meu caso, eu utilizava a fonte Comic Sans MS, negrito, rosa choque: Pra Gente Rir.

Os emoticons incrementavam as conversas. Todo mundo que conversa pela grande rede sabe que uma frase às vezes é insuficiente para expressar a intenção do interlocutor. Por exemplo, um “uhum” pode ser uma concordância normal, confusa, irônica ou até mesmo irritada. Os emoticons serviam para mostrar para as pessoas como estava o estado de espírito de seus interlocutores. Além dos emoticons padronizados do Windows Live Messenger, era possível acrescentar outros emoticons a sua lista, deixando-a personalizada. Eu, por exemplo, gostava muito do emoticon ¬¬” do Tuzki.

Lista de emoticons padronizados, que já vinham instalados no Windows Live Messenger

E o emoticon do Tuzki: ¬¬”

O problema era que o pessoal abusava um pouco. Algumas pessoas exageravam na quantidade de emoticons, igual uma amiga minha, que tinha um emoticon só para a letra D, que era uma letra na fonte do logotipo da Disney, só que toda brilhante, como se estivesse cheia de purpurina. Então, quando essa minha amiga me dizia a seguinte frase “o dia de hoje deverá ser divertido demais, cheio de felicidade!”, meu PC bugava, dava pau e quase explodia, de tanta informação desnecessária na tela. Mas amigos são assim, temos que aceitá-los como são, mesmo com seus defeitos. Mesmo que sejam lá de Guaianases.

Essa imagem lembrou muito das minhas conversas com minha amiga de Guaianases, viciada em emoticons

E era isso o que acontecia quando todo mundo avacalhava com seu Nick ou subnick do MSN, virava uma poluição visual enorme na tela principal

Quando alguém era deixado “no vácuo” no MSN, esperando muito tempo pela resposta, podia utilizar o recurso “chamar a atenção”. Esse recurso tinha um som característico e fazia com que a janela de conversação do usuário tremesse, quase dando pau no PC. Como o recurso de chamar a atenção enchia o saco de todo mundo, ele era limitado. Após chamar a atenção uma vez, o usuário deveria esperar um tempo para poder utilizar novamente o recurso com o mesmo amigo.

Windows Live Messenger avisando usuário de que ele já chamou a atenção do usuário recentemente. Na imagem de baixo, o ícone que fazia dar pau no PC alheio.

E não era só o “chamar a atenção” que tinha um som próprio. O MSN também permitia o envio de áudios pré-definidos e também o envio de áudios gravados instantaneamente igual o Uatizapi. Foi num desses envios que o Boretti me envio o clássico “deu pau aqui no pc que droga”. E também foi em outro áudio que surgiu o nome desse blog, através do qual vos falo.

O MSN também tinha o recurso de chamada de áudio e de chamada de vídeo. O que me foi muito útil também, quando eu namorava à distância. Hoje em dia, também me seria muito útil, pois me permitiria conversar por vídeo com minha mãe. Você pode estar pensando: “ah, mas o Skype e o Facebook também possuem essas mesmas funcionalidades e também são gratuitas”. E eu respondo pra você: dane-se! O MSN era o melhor de todos os mensageiros instantâneos e eu o guardo com muito carinho em minha memória e em meu coração. Não dá para comparar com o (cachorro) Spyke ou o Livro-cara.

E a última função do MSN que quero descrever aqui, é a de game. O MSN permitia você disputar vários games com os amigos, aumentando os laços de amizade com os mesmos, enquanto conversava, ria, zoava e até mesmo xingava o adversário por sua sorte dos infernos. Joguei muito damas e campo minado com o Boretti e boliche com minha amiguinha de Guaianases.

Mas para que todas as funcionalidades do MSN estivessem em vigor, o usuário tinha que acessar sua conta pelo Windows Live Messenger. Caso o PC desse pau e ele tivesse que acessar via internet, como pelo eBuddy, aí a única funcionalidade que permanecia era a de bate-papo. Nem mesmo os emoticons ficavam mais disponíveis.

Bem, essa foi uma breve revisão dos principais elementos contidos no nosso querido Windows Live Messenger, que tanto nos cativou e depois simplesmente nos deixou, partindo nossos corações. O final da história todo mundo já sabe: O Windows Live Messenger foi absorvido pelo Skype e o serviço deixou de ser oferecido. Quem viveu essa época, viveu; quem não viveu, perdeu, e não sabe o que era internet de verdade. E nem falamos de outros aspectos, como o fato do Windows Live Messenger avisar o usuário quando sempre que ele recebia novo e-mail, nem da também traumática migração do Hotmail para o Outlook (da qual até hoje não me recuperei).

E eis que o Skype absorveu o Windows Live Messenger

Assim como o Outlook absorveu o Windows Live Hotmail

Sinceramente, espero que um dia percebam que cometeram um erro desativando o Windows Live Messenger, e que ele volte com tudo. Se ele voltar, do mesmo jeitinho lindo que era antes, eu prometo que excluo minha conta do Facebook. E aproveito o final dessa postagem, para renovar meus protestos de afeto e estima pelo Facebook: te odeio, sitezinho detestável!

Confira abaixo o MSN de alguns famosos:


 MSN do Chris

MSN do Seu Madruga

MSN do Goku

MSN do Silvio Santos

¹ Como o Windows Live Messenger foi comumente chamado por seus usuários como MSN, utilizarei este último termo de modo intercambiável com o do programa, para facilitar a leitura do texto. Vale ressaltar que os dois itens não são a mesma coisa, na prática.

domingo, 11 de janeiro de 2015

Fotografia

Gostaria de agradecer à minha irmã pela ajuda nesta postagem. Valeu sua fedida!


Houve uma época em que tirar uma foto significava não apenas registrar um momento, mas uma vida, uma existência. A imagem abaixo ilustra o caráter da fotografia, quando esta ainda engatinhava, em seus primórdios.


Fotografia de Dom Pedro II.

De fato, antes da invenção da fotografia, as pessoas só conseguiam registrar sua imagem através de retratos, confeccionados por pintores especializados nesta tarefa. A imagem abaixo é um exemplo disso.


Darwin não viveu no período em que as fotografias já existiam, portanto, só temos representações suas em forma de pinturas. Sendo assim, não é possível afirmar com certeza se essa é uma cópia fiel da real aparência do naturalista inglês.

Os famosos retratos de família consistiam muitas vezes no ÚNICO registro que um clã possuía durante toda sua existência. Esta foto era uma relíquia, na qual mantinham um registro de todos os membros, mesmo após a morte de qualquer um deles.


Um antigo retrato de família.

Com o passar dos anos, a função social da fotografia sofreu diversas modificações. O acesso a técnica profissionalizou-se, mas ao mesmo tempo as câmeras passaram a ser acessíveis a diferentes públicos, que também puderam brincar de fotógrafos e registrar momentos no dia-a-dia.


Uma bela fotografia feita por um fotógrafo amador, mas já é quase semi-profissional.

Já faz algum tempo que a câmera fotográfica vem sendo utilizada pelo povo em geral, principalmente para registrar momentos especiais, como casamentos, nascimentos e festas de aniversários.


Típica foto de um passeio ao zoológico.

No entanto, atualmente, tirar foto se tornou algo corriqueiro, passou a fazer parte do cotidiano das pessoas. No Facebook, por exemplo, é hábito dos usuários publicarem uma foto recém tirada de si mesmos, sem nenhum motivo específico. Existe até quem cace likes na internet. E para isso, vale tudo: ressaltar as curvas da cintura, mostrar as pernas, salientar os seios. Um exemplo de perfil de uma usuária do Facebook com esse objetivo é o da Fatinha.

A arte de fotografar a si mesmo, que existe desde os tempos do finado Orkut, agora ganhou um nome: selfie. Essa é uma prática que sempre existiu, mas que só agora resolveram usar uma palavra inglesa para se referir a essa “modinha”¹.


Selfie nos tempos do Orkut. Não mudou muita coisa daqueles tempos pra cá.

A minha primeira crítica é para as pessoas que tiram excesso de fotos, como a Fatinha. Pra mim, isso significa uma de duas coisas: ou a pessoa tem a auto-estima muito comprometida, e só consegue se afirmar através do número de curtidas e de elogios que recebe no Facebook², ou ela tem excesso de narcisismo, considerando-se a última bolacha do pacote. Pois só isso justifica uma pessoa se fotografar diante do espelho o tempo todo, sem nenhum motivo para tal.

A minha segunda crítica é em relação à nova prática do selfie: as fotos coletivas. Não tenho nada contra as pessoas se fotografarem e registrarem seus momentos. Mas já vi casos em que as pessoas estão tão preocupadas em registrar um momento que estão vivendo – pois, afinal de contas, precisam ostentar (outra palavra modinha) o quão interessante está sendo tal experiência –, que se esquecem do mais importante: de vivenciar intensamente aquele momento.

Por fim, quero fazer a minha terceira e última crítica – eu não podia deixar passar essa oportunidade –, que é em relação ao pau de selfie. Confesso que até uma semana atrás, eu nem sabia o que vinha a ser a piroca de selfie. Fui lá, joguei no Google, para descobrir do que se tratava. Pelo que entendi, o pau de selfie consiste numa bengala que tem um suporte para fixar o aparelho que irá fotografar a galera. Aí quando eu vi, fiquei com cara do poker face, olhando para a tela do computador, pensando como o ser humano consegue a cada dia superar os seus próprios limites de estupidez... Como é que um ser humano é capaz de comprar um porrete só pra melhorar o enquadramento de suas fotos dentro da piscina, na churrascada, ou em qualquer outro lugar? Que sociedade consumista maldita é essa? Que tipo de lavagem cerebral é feita nas pessoas, a ponto de uma empresa inventar um produto desses e, pior, DAS PESSOAS ACREDITAREM QUE PRECISAM REALMENTE DELE³? Sem comentários. Encerro por aqui.


Vi essa foto na timeline de uma amiga do Facebook. Foi compartilhado pelo Psicologia da Depressão. Dou os devidos créditos de onde encontrei a imagem.



Um legítimo pau de selfie fake


¹ Utilizei o termo modinha entre aspas, pois considero que a modinha atual não é tirar fotos de si mesmo, mas sim referir-se a elas com o nome de selfie, uma vez que as mesmas, como dito acima, já existiam anteriormente, nos tempos do Orkut.

² Sempre me limito a falar do Facebook, mas o mesmo vale para Instagram e afins.

³ Para não dizer que sou ruim, compartilho um link de uma opinião favorável a vassoura de selfie aqui. Mas continuo discordando disso e achando uma grande bobagem.