quinta-feira, 9 de maio de 2013

Plágio


Este texto foi produzido especialmente para o Blog Pra Gente Rir durante a aula de Análise do Comportamento, aos nove dias do mês de maio de dois mil e treze. Obrigado a todos por calarem a boca e permitirem eu me inspirar nesta magnífica aula.

O plágio é uma coisa muito feia e que Jesus não aprova. Para tentar combater isso pelo menos num certo nível, criaram as ABNTs, obrigando fazer umas citações doidas aí. Mas quando eu falo de plágio, não me refiro ao plágio acadêmico especificamente. Tampouco me refiro a pirataria, que é uma temática para outro momento.

Por ora, quero falar do plágio de livros. Então, eis as categorias dos tipos de plágio:

1 – Plágio Engana Trouxa:
Nesta modalidade, apenas os retardados caem. O Sr. Allan Percy escreveu um livro cujo título no Brasil foi “Nietzsche para Estressados”. No entanto, observe na foto abaixo que a palavra “Nietzsche” aparece maior do que qualquer outra. Por quê? É simples. É para que alguns idiotas achem que estão comprando um livro do famigerado filósofo alemão, quando na verdade estão lendo um idiota que descontextualiza totalmente a obra do pensador, cometendo uma tremenda heresia, numa obra ridícula. Para não dizer que é marcação minha, o mesmo autor lançou um segundo livro, que no Brasil assumiu o título “Kafka para Sobrecarregados”, onde o mesmo princípio anterior foi seguido.

Livro Nit para estresado.

Livro Cafica para sobrecargas.




2 – Plágio Filho da Mãe:
Este é um tipo de plágio comumente irritante. William P. Young ficou famoso no mundo todo após o sucesso de seu livro “A Cabana”. Longe de querer discutir os méritos do livro, quero falar sobre o que aconteceu depois disso. Na sequência, tivemos a publicação do livro “Encontre Deus na Cabana”. No entanto, não foi William P. Young quem escreveu este livro, mas sim um desconhecido, um tal de Randal Rauser. Note nas figuras abaixo como a cor da capa do livro verdadeiro e a do plágio são parecidas. Rauser tomou uma carona no sucesso de Young para ganhar um dinheirinho nessa brincadeira.
Na mesma linha de raciocínio, um dos melhores exemplos é o do mundialmente famoso “O Código Da Vinci”, de Dan Brown, que até foi adaptado para o cinema no filme estrelado por Tom Hanks, Audrey Tauttou, Jean Reno e Sir Ian McKellen. Difícil saber se o sucesso do livro levou a adaptação para o cinema, ou se o filme ajudou a divulgar o livro. O que se sabe é que há pelo menos quatro livros de espertalhões que também tentaram pegar uma rabeira no carro do sucesso de Brown. São eles: “Quebrando o Código Da Vinci”, de Darrell L. Bock, “Revelando o Código Da Vinci”, de Martin Lunn, “Desmascarando o Código Da Vinci”, de James L. Garlow e Peter Jones e “Decifrando o Código Da Vinci”, de Simon Cox. Títulos originalíssimos por sinal, adeptos da corrente gerundista da literatura. Sem comentários esse tipo de oportunismo literário.


O Tugúrio.


Encontre Alá na Choupana.

3 – Autoplágio:
O autoplágio é uma categoria muito peculiar de plágio, onde o sujeito tem a capacidade de plagiar a si mesmo. E esta é a categoria que mais exemplos eu posso dar, devido a fartura de autoplagiadores, que deveriam ser processados por si mesmos e perderem a causa, por tamanha insensatez. O autoplágio é praticado por autores que julgam ter encontrado a fórmula para o sucesso, aí eles, como são pouco criativos e sem personalidade, copiam sua própria ideia e produzem uma obra nova, mas que de novidades tem muito pouco. Então, sem mais delongas, eis alguns exemplos que podemos encontrar nessa longa lista: Gary Chapman, autor cristão e conselheiro sentimental escreveu “As Cinco Linguagens do Amor”, que na minha opinião é um bom livro. Mas o erro dele foi publicar “As Cinco Linguagens do Amor dos Solteiros”, “As Cinco Linguagens do Amor de Deus”, “As Cinco Linguagens do Amor das Crianças”, “As Cinco Linguagens do Perdão”, e por aí vai. Aliás, no campo cristão, lamento dizer, mas há muito disso. Outro exemplo é o de Stormie Omartian, que ficou famosa com o livro “O Poder da Esposa que Ora”. Posteriormente, ela autoplagiou-se e publicou “O Poder da Mulher que Ora”, “O Poder da Criança que Ora”, etc. Recentemente, para sair um pouco do campo cristão, temos a odiada Erika Leonard James, que escreveu o romance pornoerótico “Cinquenta Tons de Cinza”. E tcharam! Ela encontrou a fórmula do sucesso! Posteriormente veio “Cinquenta Tons Mais Escuros” e “Cinquenta Tons de Liberdade”, que basicamente é a conclusão da trilogia da safadeza.

A autora de "Cinquenta Tons de Cinza".



4 – Plágio mediúnico:
O plágio mediúnico é a mais rara de todas as categorias. Sidney Sheldon, um dos romancistas mais populares do mundo, como todos sabem, faleceu em 2007. No entanto, o cara é tão foda que ele já escreveu três livros depois de ter morrido: “A Senhora do Jogo”, “Depois da Escuridão” e “Anjo da Escuridão”. Entretanto, a pessoa mais atenta que observar a capa do livro, saberá que não foi Sidney Sheldon quem escreveu o livro. Nem teria como, não é mesmo? Sidney Sheldon já voltou ao pó! Quem escreveu o livro foi uma pessoa de sexo desconhecido, cujo nome éTilly Bagshawe. Meu primeiro pensamento quando descobri que Sheldon lançou livros depois de morto foi: “meu Deus, o Sr. ou Sra. Bagshawe é médium e está em contato com a alma do Sheldon, que vem ditando seus livros para que escreva e que seus milhões de fãs continuem o apreciando na além-vida!”. Porém, o que acontece é que essa pessoa desprezível (Bagshawe) conseguiu autorização da família para escrever livros e assinar como sendo de Sheldon, fazendo seu pé-de-meia para um futuro casamento.

 
Sidney Sheldon ainda vivo (eu acho).



 
A suposta Tilly Bagshawe, que por sinal é bem "catável", e pra melhorar é cristã (vide pingente em seu pescoço).


 E pra encerrar, o filme "O Sorriso de Mona Lisa", que posteriormente foi plagiado por Leonardo da Vinci, que pintou
um quadro, bautizando-o de "Mona Lisa", inspirado no filme.








quarta-feira, 1 de maio de 2013

Tiro de Guerra


A pequena história a seguir se passa no Planeta que só tem três dias.

O jovem garoto está sentado na repartição pública, aguardando atendimento. A mulher que ali trabalhava lhe dera as costas assim que o vira adentrar pela porta principal, saindo mastigando no fundo da repartição. Ele estava nervoso. Como naquele ano completaria a maioridade, ele devia se apresentar à Junta Militar para o alistamento. Estava ansioso, com muito medo. Colegas um ou dois anos mais velhos lhe contaram como era o procedimento. Depois de levar toda a documentação, tinha que agendar um exame físico, que era coletivo. Segundo relatos, todos se postavam em fila indiana, totalmente nus, para exame médico. Sentiu calafrios ao lembrar da piadinha da caneta, em que o instrutor postado numa mesa à frente da sala derrubava a caneta, para que o indefeso jovem a pegasse.

E se eu tiver que ficar pelado lá na frente de um monte de gente? Eu n ao consigo ficar sem camiseta nem perto da minha família! E se derrubarem a caneta justo na minha vez? E se o pessoal ficar reparando e zombando do tamanho minúsculo do meu...

- Paulo Farias!

Paulo levou um susto ao ouvir seu nome ser chamado pela mulher atrás do balcão, sempre com sua cara azeda. O grito que ela dera dava a impressão que a sala estava lotada e que ela precisava anunciar quem era chamado. No entanto, só havia ele aguardando atendimento. Ela solicitou que ele o acompanhasse.

Depois das perguntas de praxe e da coleta de inúmeras assinaturas e impressões digitais de Paulo, este decidiu fazer a pergunta que tanto lhe incomodava.

- Eu preciso vir aqui mais algum dia depois de hoje?

- Eu vou te passar uma data para o seu exame físico e para o juramento à bandeira. – disse a mulher, como se falasse para o monitor do computador.

- E é obrigatória a presença nesses dias? – indagou Paulo, logo arrependendo-se da pergunta.

A mulher atrás da mesa olhou para ele com olhos esbugalhados, como se subitamente percebesse que ele era leproso.

- É obrigatório sim. – disse ela.

- Mas se eu não for? – disse Paulo, decidindo-se por assumir uma postura mais desafiadora.

- Você não entendeu, querido, a presença nesses dias não é opcional, é obrigatória.

- Ta, mas e se eu não for?

- Amorzinho, que parte do obrigatório você não entendeu? – disse a mulher, já sem paciência com Paulo.

- Eu entendi essa parte, moça. Mas o que eu estou dizendo é: o que acontece se eu não for? – disse Paulo, enfatizando as quatro últimas palavras.

E eis que a mulher deu uma estrondosa gargalhada, para surpresa de Paulo.

- O que foi? – indagou ele, atônito.

- Querido, a presença é obrigatória. Não tem essa de “se eu não for”. – explicou a mulher.

- Moça, acho que não estamos falando a mesma língua. Eu já entendi o lance do “obrigatório”, mas o que eu estou dizendo é o seguinte: e se eu, utilizando o meu livre arbítrio, decidir que no dia marcado para o exame físico e o juramento à bandeira, que eu não vou sair de casa e que não vou em lugar algum?

- Mas você vai de qualquer jeito. – disse a mulher, em tom indiferente.

Paulo sentiu um leve avanço na conversa. Sua dúvida estava prestes a ser sanada. Decidiu jogar nova pergunta.

- Ah, então quer dizer que mesmo que eu decida não ir, alguém aqui da Junta Militar vai lá em casa e vai me obrigar a vir, isto é, vai me trazer na força?

- Não Paulo, não é isso. Mas você vai.

FIM.



P.S. esta história parece não ter um fim plausível. É que este diálogo realmente não termina. Quando R e eu conversávamos sobre este diálogo hipotético, há alguns anos atrás, a graça da situação é justamente a ausência de resposta a pergunta do personagem. Ele insiste na pergunta, mas a pessoa insiste em responder por evasivas, ad infinitum.