quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Oscar Niemeyer VS Morte

Agora há pouco, faleceu o famigerado Oscar Niemeyer, um dos decanos da humanidade. Pra quem me conhece a mais tempo e já leu meus textos de 6, 7 anos atrás, sabe muito bem que em "Os Andarilhos", minha aclamada coleção de textos sobre os irmãos Chapolin Colorado e Fernandinho Beira-Mar, eu cito inúmeras vezes Dercy Gonçalves e Niemeyer. Na época, ambos estavam próximos de completar os 100 aninhos de vida. Minha brincadeira, obviamente, consistia em brincar com a suposta imortalidade de ambos. Hoje, porém, Niemeyer morreu. E a única certeza do mundo parte junto com nosso - em nossas mentes - imortal arquiteto.

Estive aqui pensando, após saber da morte de Niemeyer, em sua importância para a história do Brasil. E uma das coisas que pensei foi: o que teria maior impacto na população brasileira: a morte de Niemeyer, ou a morte de Luan Santana, Gusttavo Lima, Michel Teló? Bom, creio que entre as crianças de 5, 10 anos, e até os adolescentes de 15 anos, provavelmente a morte de nossos grandes cantores e compositores nacionais, que exaltam a cultura brasileira, gerariam maior comoção nacional. Porém, desta faixa etária pra cima, eu tenho lá minhas dúvidas. Eu francamente quero acreditar que o povo brasileiro irá reconhecer que um gênio como Oscar Niemeyer foi muito mais relevante para o país e para o mundo do que estes pseudocantores. Agora, se pessoas com minha idade ou mais, insistirem em achar os supracitatdos cantores mais importantes que Niemeyer, sinto dizer que o Brasil não merece o filho arquiteto que teve.

Outra coisa que estive pensando foi na luta de Niemeyer contra a morte. Se eu pudesse fazer uma analogia dela com uma luta de boxe, Niemeyer teria se esquivado muito bem dos ataques da Morte. Teria até batido nela bastante, deixando-a atordoada e confusa. Mas nos últimos rounds, cansado da briga, Niemeyer abriu a defesa e também começou a levar uns golpes. Niemeyer e a Morte teriam trocado muitas porradas, ambos desfalecidos quase no fim, quando finalmente a Morte conseguiu a vitória. Não por nocaute, é claro. Por desistência de Niemeyer da luta, poucos segundos antes de acabar o último round (o mundo vai acabar nos próximos dias, não se esqueçam).

Agora, se a analogia fosse com esconde-esconde, Niemeyer teria encontrado um esconderijo muito bom. Só depois de anos procurando, foi que a Morte descobriu onde o danadinho do Niemeyer estava escondido. Se a analogia fosse de uma corrida, Niemeyer teria sido um ótimo maratonista, abrindo larga vantagem em relação a sua adversária Morte nos 21 km iniciais, sendo que a diferença diminuiu gradativamente apenas na segunda metade da corrida. Só nos metros finais que a Morte alcançou Niemeyer, superando-o.

Provavelmente, independentemente da analogia que usemos, a Morte deve estar bem cansada agora, depois que Niemeyer deu-lhe uma boa lição. Quem sabe, daqui alguns anos, depois de descansar um pouco, a Morte não resolve contar outra história, depois de "A Menina que Roubava Livros"? Aguardemos ela contar a sua mais alucinante caçada já empreendida, caçada esta que durou quase 105 anos.

Felizmente, Niemeyer foi homenageado em vida, o que me deixa feliz, pois fico extremamente frustrado quando uma personalidade recebe as devidas homenagens apenas depois de morrer, quando já não mais as pode ver.




 A Morte segundo Markus Zusak

 E a Morte na maratona, correndo atrás de Niemeyer.

 Niemeyer jovem, nos bastidores do filme "O Poderoso Chefão", onde interpretou Don Vito Corleone. Marlon Brando foi seu dublê.

 Único lugar da BOSTA do Rio de Janeiro que quero conhecer: Museu de Arte Contemporânea.

 A obra que projetou o nome de Niemeyer mundialmente: o Peixe Amarelo, localizado em Piraju, São Paulo.

Eu envergonhando o Niemeyer, ao tirar foto no Museu Oscar Niemeyer (vulgo Museu do Olho), em Curitiba.

Nenhum comentário:

Postar um comentário