terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Última Postagem de 2011

Prezados leitores e seguidores do Pra Gente Rir:

É com muita alegria que chegamos a última postagem do ano de 2011. Um ano em que explodiu um novo sucesso, que é o blog Pra Gente Rir. Esperamos manter o sucesso do blog em 2012, com mais postagens engraçadíssimas, promoções inéditas e muitas novidades!

A equipe já está se reunindo com um novo projeto para 2012, que incluí muitos objetivos a serem alcançados, dentre os quais destacamos a meta de 10.000 visualizações até o final do ano que vem!

É isso aí... Desejamos a todos um Feliz 2012, repleto de felicidades, conquistas e muita paz. E lembrem-se: águas passadas não movem moinhos. São os votos de toda a equipe do Pra Gente Rir: Boretti, R e Kily.


Uma imagem vale mais que 2012 palavras.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Santos











Escudo do Santos Futebol Clube



Alguns acontecimentos relevantes a nível nacional e mundial marcam as nossas vidas. Muitas pessoas ainda se lembram do que estavam fazendo naquela tranquila manhã em que noticiaram os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. Enquanto as imagens na tv mostram as torres gêmeas desabando, nossa mente se apega nos mais ordinários de nossos afazeres, como que para que os fatos marcantes do dia não caiam no esquecimento. "No dia em que ocorreram os atentados terroristas, eu estava trabalhando". "Quando o último Papa faleceu, eu estava jogando ping pong". "Eu tinha ido na oficina mecânica buscar o carro quando soube que Marlon Brando havia falecido".

Crimes bárbaros, mortes de alguns artistas, tragédias e catástrofes naturais e grandes conquistas - especialmente as esportivas - nos marcam de tal maneira, que mesmo após vários anos, ainda conseguimos lembrar o que fazíamos na ocasião. No ano de 2011, recordo com clareza de um desses acontecimentos. Na noite do dia 22 de junho de 2011, enquanto o Santos disputava a final da Copa Libertadores da América, em São Paulo, eu estava no quarto de um motel da capital federal, vendo parte do jogo. Aliás, essa é uma das grandes conquistas de minha vida: entrar para um seleto grupo de pessoas que foram sozinhas num motel, entrando e saindo virgem do mesmo.

Quando liguei a tv, tirando do canal pornográfico e colocando na Rede Globo, o jogo estava 0 a 0 e estava já acabando. "Que maravilha, o Peñarol conseguiu segurar Neymar e companhia! A decisão vai para os pênaltis!", pensei comigo, esperançoso de que o time da Província Cisplatina seria capaz de desbancar o favorito Santos. Foi quando percebi o engano que cometi. Aquele era apenas o primeiro tempo do jogo... ¬¬'

Durante o intervalo, aproveitei e liguei na recepção do motel e pedi um cobertor para me aquecer, pois estava frio. Levaram um tempo para me trazerem um cobertor, que parecia com aquele trapo velho que meu cãozinho costumava deitar-se. Tão logo o segundo tempo começou, o Santos abriu o placar com Neymar, para meu desânimo. Já joguei a toalha (e também o cobertor, por cima de meu corpo) e deitei. Logo, adormeci. Quando acordei, a televisão naturalmente ainda estava ligada. O Santos já tinha sido campeão (pelo menos, é o que diz a história. Eu tenho lá as minhas dúvidas quanto a isso). Enquanto o Santos estava ganhando o título, enquanto Neymar vivia um dos mais importantes momentos de sua vida, eu dormia tranquilamente na cama de um motel (e talvez, outra pessoa também estivesse vivendo um dos mais importantes momentos de sua vida, no quarto ao lado).

O Santos é o time brasileiro mais conhecido no mundo, tudo por causa de um livro best-seller, escrito por um amigo meu. O livro narra a história fictícia de um jogador fantástico, chamado Pelé. Obviamente, tal personagem foi concebida apenas na mente deste brilhante escritor. Mas sua obra imortal atravessou fronteiras, traduzida para diversos idiomas, conquistando milhões de leitores, que apaixonaram-se pelo time da baixada santista.

Esta postagem é uma singela homenagem a este grande time da capital paulista, pois ontem o Santos venceu a primeira semifinal do Mundial de Clubes da FIFA e provavelmente enfrentará o todo-poderoso Barcelona na final da competição, no próximo domingo, em busca da mesma glória já alcançada na literatura. E eu estarei aqui, mais uma vez torcendo contra o Santos, prometendo que desta vez não estarei viajando (ou talvez sim), nem em motel algum, nem dormirei durante a partida. E dá-lhe Barcelona!



Galeria de fotos:
O atual escudo do Santos Futebol Clube (acima) serviu de
inspiração para muitos outros clubes criarem seus próprios escudos.




Mascote do Santos Futebol Clube, escolhida pelos próprios torcedores,
por representar o espírito e o orgulho santista.



Os times participantes do Mundial de Clubes da FIFA 2011.
O Santos aparece em destaque na imagem do site.


Aranha, o goleiro do Santos, numa de suas atuações pelo alvinegro. O goleiro e capitão
viveu o auge de sua carreira na final da Libertadores, contra o Peñarol, após pegar
seis pênaltis e ser considerado o grande herói da conquista santista.


Domingos, um dos maiores ídolos da história do Santos:
exemplo de profissionalismo e fair play.


Um torcedor santista é tão fanático que até chega a perder o interesse
pela esposa
gostosa nua, quando seu time está jogando.



Jogadores do Santos erguendo a Taça de Campeão da Copa Libertadores
da América 2011 logo após a conquista sobre o Peñarol...


... e eu tentando me matar no lago que fica atrás do Congresso Nacional em Brasília,
logo após saber que o Santos foi campeão da Libertadores da América 2011.




* Tentarei dar uma de Polvo Paul aqui e adivinhar o placar da final do Mundial de Clubes do próximo domingo: digo que o placar será Barcelona 3 x 1 Santos. E na eventualidade do Santos vencer, fica aqui a minha promessa de postar as minhas fotos tentando me matar - na eventualidade de eu novamente sobreviver -, num outro lugar inusitado.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Um estudo sobre mendigos.

Foi feito um estudo, para avaliar o comportamento dos mendigos ao receber doações, o estudo foi realizado no dia 11/12/2011, por volta das 21:00, na cidade de São Paulo.

Foi utilizada uma amostra de 3 mendigos de rua, para esta pesquisa.

Abaixo segue os resultados da reação de cada um dos mendigos ao receber as "doações"

Mendigo 1 - Aparentava ter mais de 50 anos, carregava um saco branco nas costas, eu abordei ele, perguntando se ele queria umas "coisas" que eu tinha lá, ele ficou calado sem dizer uma única coisa, abri minha bolsa e peguei um pacote de bolacha Wafer e um pacote de bolacha Champagne para dar para ele, o mendigo pegou os itens, e continuou sem dizer uma única palavra, desse modo fui embora.

Mendigo 2 - Aparentava ter pouco mais de 25 anos, andava sem rumo pelas ruas, eu abordei o mesmo, perguntando se queria uma "coisa" que tinha comigo, o sujeito falou "pois não", abri minha bolsa e dei para ele: torradas industrializadas, uma bolacha Maizena, e um bolinho Ana Maria, o mesmo pegou os itens e agradeu dizendo "Deus o abençoe" também perguntou se eu tinha uma sacolinha para que ele pudesse guardar os itens recebidos, disse que não havia nada, e o mendigo mais uma vez disse "Deus o abençoe", desse modo fui embora.

Mendigo 3 - Aparentava ter uns 30 anos, estava próximo a um supermercado, sentando e pedindo esmolas para as pessoas que passavam por sua direção, passei por ele, e ele pediu esmola pra mim, virei em sua direção e nesse momento ele falou "Ow rapaz", peguei um pacote de bolacha Maizena e o entreguei, antes dele falar qualquer coisa, fui dizendo que havia mais um pacote de achocolatado, e perguntei se ele queria, o mendigo disse "eu aceito", entreguei o achocolatado para ele, o mesmo retribuiu dizendo "Deus o ajude" e estendeu a mão para me cumprimentar, repeti o gesto e o cumprimentei, e por fim ele disse "Vá com Deus".


Enfim, como a amostra de mendigos foi muito pequena (apenas 3) não dá pra tirar muitas conclusões sobre esse estudo, porém, foi interessante observar que 2 dos 3 mendigos, após receber os donativos, agradeceram citando Deus, também foi observado que todos os 3 mendigos, eram do sexo masculino.

Encerro aqui meu post, dizendo que todos os dados aqui descritos são reais, mesmo isso sendo díficil de acreditar devido ao nome do Blog.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Geloucos

Quem ainda se lembra do geloucos? Se você se lembra do geloucos, gostaria de dizer que não é o geloucos da imagem abaixo.


E sim, o geloucos da antiga promoção da Coca-Cola, cuja imagem você pode ver abaixo:





Pois é meu amigo, se você já teve, ou ainda tem um desse, saiba que você está velho, o geloucos foi uma promoção da Coca-Cola que ocorreu em 1997, isso mesmo, já fazem 14 anos desde a época que você pedia pra seus familiares, vizinhos, amigos dos vizinhos, filho dos amigos dos vizinhos, e pai do irmão do seu tio que não era seu vô para ficarem guardando tampinhas de Coca-Cola pra você.

Abaixo uma imagem das tampinhas de geloucos pra você se lembrar de quantas precisava juntar para trocar:


E depois que você juntasse as malditas tampinhas, você trocava por uma linda embalagem com 2 geloucos e uma carta, abaixo segue uma foto da "linda embalagem"


Sim, caros leitores, você deve estar se sentindo muito velho com essa postagem, e para você relembrar todos os geloucos e suas características, separamos a imagem abaixo pra vocês.


Depois dos geloucos, ainda tivemos a promoção "gelos cósmicos" da Coca Cola, que era semelhante ao "geloucos", porém, os gelos cósmicos brilhavam no escuro, segue abaixo, imagens para você relembrar deles também:






Enfim leitores, geloucos e gelos cósmicos foram grandes sucessos da Coca Cola, e esperamos que um dia, a Coca volte a fazer promoções parecidas, e lembramos um pouco mais dessa bela época, onde nossa maior preocupação era juntar tampinhas e torcer pra não sair geloucos repetidos ao abrir o pacote.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Banheiro público.

Banheiro público.

Quem nunca cagou utilizou um banheiro público? Pois é caros leitores, uma vez ou outra nessa vida temos que passar pelo temido banheiro público.

O chato dos banheiros públicos é que nunca tem papel, como podemos reparar na imagem abaixo



Além disso, como todos sabem, os banheiros públicos sempre se destacam quando o quesito é higiene e limpeza, abaixo algumas fotos para saber melhor do que estou falando.





Agora vemos um típico limpador de banheiros públicos num dia calmo, de pouco serviço.



E por fim, uma foto de um rapaz que derrubou 25 centavos na privada vaso sanitário e busca recuperar seu dinheiro.




Amigo Secreto

Dezembro. Natal, reveillon, panetones, presentes, confraternizações. Com mais um final de ano que se aproxima, as mesmas cenas se repetem. É como se sempre o mesmo ano velho estivesse acabando, para um ano novo que começa. Pouca gente lembra que esse velho ano de 2011 que queremos nos despedir com pressa - numa perspectiva de um grande 2012 -, é o mesmo ano novo que aguardávamos com euforia no final de 2010. E 2012, me desculpe dizer, mas você vai para o mesmo caminho quando 2013 se mostrar em nossos horizontes.

No final do ano, uma brincadeira comum é realizada: é o chamado amigo secreto. Eu particularmente recomendo que todos um dia participem de um amigo secreto, pois é uma brincadeira muito saudável e divertida. O amigo secreto é praticado entre alunos de determinada escola, colegas de trabalho, amigos, parentes, dentre outros grupos que queiram desfrutar dessa prazerosa brincadeira.


O amigo secreto consiste em vários papéis com os nomes de todos os participantes, um em cada papel, que são dobrados e sorteados entre os participantes da brincadeira. E numa data escolhida pelos participantes, é realizada a revelação dos amigos secretos, mediante a entrega de um presente. Geralmente, a cerimônia é utilizada também para conciliar a entrega dos presentes com bebedeira, churrascada e, eventualmente, orgia.

Algumas vezes os participantes estipulam uma faixa de valor para o presente, com o intuito de que nenhuma das pessoas se sinta prejudicada, por receber um presente inferior ao que comprou para seu amigo secreto. E outras vezes também, os participantes passam uma folha contendo alguns dos presentes que gostariam de ganhar, afixando a mesma num lugar visível a todos, para facilitar a escolha dos presentes, uma vez que o participante pode não conhecer muito bem as preferências da pessoa que tirou.

Mas sempre tem um idiota que tenta estragar a brincadeira. O engraçadinho põe um papel a mais, com o nome duplicado de um dos participantes, retirando aleatoriamente um dos outros papéis. Aí alguém ganha dois presentes, enquanto que outra pessoa não ganha nenhum. O mais engraçado nessa situação é a expressão do segundo participante que tirou determinada pessoa, quando o primeiro revela que também a tirou.

Uma das curiosidades do amigo secreto é que no momento da revelação dos amigos e entrega dos presentes, a pessoa fica em pé e cita algumas características da personalidade da pessoa, geralmente qualidades, de modo a mostrar que utilizou aquela brincadeira como método para conhecer melhor a outra pessoa e blá blá blá. E certa vez um amigo meu, num amigo secreto que participei, no momento de revelar quem havia tirado, disse: "a minha amiga secreta está de pé". Fiquei com pena daquela mulher, cuja maior qualidade que possuía era estar em pé. Aquele era o grande mérito de sua vida. Meu amigo, num momento insensato, não viu mais nenhuma outra qualidade nela, apenas que ela era boa em ficar de pé. É compreensível que ela tenha cometido suicídio dois dias depois.

Eu não entendo esse tal de amigo secreto. Você decide participar de uma brincadeira, tendo o incômodo de comprar um presente para uma pessoa que você mal conhece e que talvez você nem gosta dela e ela de você, correndo o risco dela não gostar - sendo que, obviamente, ela não falará isso, caso não goste do presente - e ainda por cima, correndo o risco (um grande risco, por sinal) de não ganhar o presente que gostaria - obviamente também, não revelando que não gostou, apesar de querer fazê-lo.

Para todo mundo que curte essa babaquice de amigo secreto (e também para a outra multidão que chegou neste blog procurando dicas de presentes para o amigo secreto de fim de ano), eu gostaria de dar um conselho: a partir do ano que vem, participem da brincadeira que eu chamo de "auto-amigo". O auto-amigo é muito mais prático, pois só precisa de uma pessoa para participa: você. Você mesmo pode escolher a faixa de preço de presente que preferir, sem se preocupar em desagradar a pessoa que vai tirar, nem ficar preocupado se vai ou não receber um bom presente, nem exaltar as qualidades da pessoa no momento de entregar o presente (que é exatamente entregue no ato da compra). Na verdade, o auto-amigo é tão superior ao amigo secreto tradicional, que o próprio ato de presentear o amigo é facultativo.



Par de chinelas: um presente barato e que nunca sai de moda. Certeza que
irá agradar seu amigo secreto
. Verifique que está comprando um pé
esquerdo e um direito, diferente desse par que ganhei ano passado.



O presente que todo mundo ganha sempre quer ganhar: uma caixa de bombons.


PS: um desabafo pessoal - eu tô levando esse blog nas costas! ¬¬'

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O Ascensorista

Mais um típico humor barato.

Comecei a trabalhar como ascensorista em abril, após a saída de meu antecessor, um alcoólatra inveterado, que tivera diversos desentendimentos com moradores do prédio (devido, é claro, ao álcool). Meu trabalho era simples: dizer "bom dia", "boa tarde", "boa noite", "até logo" e ser sempre educado e polido no modo de tratar os moradores e visitantes do prédio e conduzí-los ao andar desejado, por meio do painel eletrônico contido no elevador.

Logo na segunda semana de trabalho me apaixonei por uma das moradoras do prédio, que voltava de viagem. Seu nome era Sara. Sara era uma bela loira de aproximadamente 30 anos. Dona de uma silhueta perfeita, aparentava pesar uns 57 kg muito bem distribuídos em 1,68 m de altura. Aém disso, era uma mulher poderosa, uma jovem mas reconhecida advogada. Apesar de mais velha do que eu, me encantou logo de cara. Mostrava-se sempre alegre quando eu a pegava no térreo do prédio e a levava para seu apartamento, no décimo segundo andar.

Todo dia, quando começava a trabalhar, eu já pensava em algo interessante para falar para Sara. Sempre tinha algo para puxar assunto, desde a previsão do tempo até a meteorologia. Ah, e também falávamos sobre o clima e se ir chover ou fazer sol. Certo dia, assim que Sara saiu do meu elevador com seu lindo sorriso, me disse um "obrigada, querido". Aquilo foi o suficiente para mudar completamente o meu dia, aliás, a minha vida, aliás, as nossas vidas. Eu continuei meu trabalho, enquanto pensava no que estava rolando ali. Aquela mulher me amava. Ela estava na minha. Com meu charme e carisma, o peixe caía na rede. Era inevitável. Sara não podia resistir. Todas as células de seu corpo me desejavam, me queriam. Sara seria minha esposa. Teríamos um belo apartamento - melhor do que aquele em que ela morava -, com sala grande, móveis modernos, quarto aconchegante e um banheiro espaçoso com uma jaccuzzi, onde faríamos as maiores loucuras de amor.

Depois deste episódio que deu início a nossa bela história de amor, eu via Sara quase todos os dias, invariavelmente no mesmo horário, de manhã quando esta ia para o trabalho e no final da tarde quando ela regressava. Como tanto ela quanto eu trabalhávamos muito, não tínhamos tempo de sair, e nossos encontros se resumiam aos momentos em que estávamos no elevador. Uma semana depois que nossa história começou, numa terça-feira, Sara entrou em meu elevador, mais sorridente do que nunca. Mas estava acompanhada de um homem. O homem era alto, de porte atlético, atraente e que vestia-se totalmente de branco. Para ser sincero, era muito bonito. Até eu me senti atraído por aquele sujeito. Enquanto o elevador subia, ambos conversavam e riam. Senti a raiva crescer dentro de mim quando o homem apoiou suas duas mãos no ombro de Sara. Só não o agredi ali porque precisava daquele emprego. Os dois saíram do elevador. Quase duas horas depois, entrava em meu elevador, no décimo segundo andar, o mesmo homem que acompanhava Sara, mas desta vez sem ela. Por algum motivo, para mim aquele homem tinha cara de Válter.

"Válter, o negócio é o seguinte: eu não gostei do jeito que você se comportou com a minha garota. Se você não sabe, eu e Sara nos amamos e vamos nos casar no início do ano que vem e não é um sujeitinho à toa feito você (nesta parte de meu delírio eu cheguei a me ver apontando o dedo no peito de Válter) que vai estragar essa história bonita que estou escrevendo com ela."

Válter saiu do meu elevador, quando chegamos no primeiro andar. "Isso, suma daqui antes que eu dê um chute nesse seu rabo!"

Como que para me irritar, no dia seguinte, praticamente no mesmo horário, Sara e Válter voltaram a entrar em meu elevador. Até mesmo a roupa de Válter era a mesma. Eu não podia acreditar na petulância daquele sujeito, que ousava me desafiar. Mas eu ia ensinar uma lição para ele. Ah, se ia. Mas o fato é que Sara estava sorridente. A quem eu estava tentando enganar? Não sei quando se deu isso tudo, mas em algum momento nossa relação se esfriara, e no momento de maior carência afetiva de Sara, Válter aparecera na vida dela. Ela gostava da companhia daquele sujeito. Quando chegaram ao décimo segundo andar e saíram do elevador, uma senhora entrou, a dona Gertrudes. Na minha cabeça a senhora Gertrudes se chamava Nicete Bruno, pois ela se parecia muito com a atriz homônima. Nicete Bruno anunciou o terceiro andar. Enquanto descíamos, minha mente estava a mil. O que acontecera entre Sara e eu? Como as coisas puderam chegar naquele ponto? Depois de todas as juras de amor que fizemos um para o outro, depois de tudo o que vivemos um com o outro, ela me trocara por aquele Válter. Afinal, o que é que esse Válter tem que eu não tenho? Eu sou um homem bom, honesto, romântico, atencioso, carinhoso e trabalhador. E esse Válter? Tá, ele é médico, ponto pra ele. Mas o que mais? Hein, me diga, o que mais? O que mais Sara? SUA VACA!

- Olha como você fala comigo, mocinho! Eu vou convensar com seu superior! - disse-me Nicete Bruno, visivelmente nervosa, ao mesmo tempo em que saía pela porta que acabara de se abrir. Fechei a porta do elevador, continuando frustrado o meu trabalho. Ao anoitecer, Sara entrou em meu elevador, muito bem vestida. Sua indumentária era de primeira. Usava um vestido vermelho (a cor do amor) até os joelhos, com uma faixa na cintura, que acentuava sua silhueta. Usava um salto alto, que além de salientar sua elegância, também salientava seu quadril, empinado. Além disso, tinha uma discreta carteira a mão.

"Vai para uma festa, meu amor? Vai para uma festa, sua vadia, sem-vergonha!? Sara, o que eu te fiz até agora, além de lhe oferecer amor?" - o rosto de Sara permanecia desprovido de emoção - "Sara, você não pode ser assim tão cruel, depois de tudo o que eu te fiz... E o que você me disse, que queria me dar filhos para dar continuidade ao meu nome? Você disse que queria ter vários filhos, correndo e brincando pela casa. 'Pelo menos dois casais', você disse! E as viagens pelo mundo que faríamos juntos? E a promessa de vivermos juntos até que a morte nos separe? Foram todas palavras vazia para você" - Sara, ainda séria, encaminhou-se para fora do elevador - "Sara, espere aí, me responda! Sara! Sara!" - mas ela se fora.

Cerrei a porta, juntamente com meus pensamentos. Foi naquele instante que percebi: mulher é tudo igual. Todas as que se aproximavam de mim o faziam sempre com interesse. Eu estava cansado de não ser valorizado simplesmente pela pessoa que eu era, mas sempre pelo que eu tinha. O madilto capitalismo! Mas em poucos minutos eu fiz uma resolução: daqui em diante, eu serei um homem solteiro. Não quero mais saber de mulher. Pode se arrastar aos meus pés, pode vir pintada de ouro, que eu não quero! De agora em diante, para mim mulher é só pra curtir. Usar, zoar, jogar fora e descartar. Querem se aproximar de mim com interesse? Então eu farei o mesmo com vocês, mulheres do mundo! Me querem por causa do meu carro? Então eu as quero por causa dos seus corpinhos e só! Só que antes que pensem em tirar proveito de mim, eu já terei tirado proveito de vocês, mulheres! E vamos ver quem é que usa quem...

No dia seguinte, mais uma vez, no mesmo horário, Sara e Válter entraram em meu elevador. Mas desta vez, para minha surpresa, o clima era diferente. Silêncio total. Na metade do trajeto, uma discussão. Sara estava brava com Válter. Percebi pelo tom de voz dele, que estava alcoolizado. Sempre o velho álcool. A fonte primária de todos os problemas do mundo. Quando o elevador chegou no décimo segundo andar, Sara disse, enquanto levava a mão a testa: "Por favor Euclides, hoje eu não tô boa pra conversa, vamos deixar pra falar sobre isso outra hora. Acho melhor você ir pra sua casa, pois eu tô afim de ficar sozinha agora."

Mal pude disfarçar a surpresa e o prazer que me dera ouvir aquele diálogo. Na certa Sara percebera o erro que estava cometendo, ao me trocar por aquele coisinha à toa do Válter. Eu sabia que Sara era inteligente. Cedo ou tarde ela veria que estava cometendo um grande erro e voltaria para os meus braços. E eu a receberia de volta, a perdoaria e seria bom para ela. Daria a vida por ela, moveria céus e terra pela felicidade dela. Se ela quisesse, lhe compraria o mundo. Foi com prazer que vi um cabisbaixo Válter sair cambaleando do meu elevador.

Minutos mais tarde, Sara voltava para meu elevador. Ela não me dirigiu palavra. Sorri comigo mesmo. Ela estava reunindo forças para me pedir perdão. Provavelmente, seu orgulho (Sara sempre fora muito orgulhosa) estava dificultando dar o passo inicial. Tudo bem amor, eu espero. Sei que não é fácil pedir perdão por um erro grave. Olhei para ela enquanto descia. Ela colocou a mão na garganta. Bem se via que o esforço para falar era gigantesco, pelo gesto que fizera. E de repente, o impensável aconteceu: Sara vomitou no chão do elevador, para minha surpresa. Naquele momento tudo ficou claro para mim. Eu ia ser pai! Oh meu Deus, a mulher que eu amava estava esperando um filho meu, íamos ter um fruto visível do nosso amor, alguém que daria continuidade ao meu nome! Eu nunca me senti tão feliz. Foi com um sorriso no rosto que amparei Sara, que pediu imediatamente que a levasse de volta para o décimo segundo andar, pois queria deitar. Fui solícito, atendendo a todos os pedidos de minha amada noiva, ao mesmo tempo em que perguntava se não queria mais nada, que chamasse um médico (exceto Válter) ou lhe fizesse alguma outra coisa. Com a mão na boca, Sara pediu desculpas pela sujeira no chão e saiu do elevador. Não precisa pedir desculpas meu amor, por você eu limparia isso até mesmo com a língua. Você acaba de me fazer o homem mais feliz desse mundo. Agora descanse, que depois temos muito o que conversar, temos que pensar no enxoval do bebê, no nosso casório, etc.

Alguns minutos depois, já com o elevador limpo, eu continuava meu trabalho, com um largo sorriso que não me cabia no rosto. Foi quando Nicete Bruno apareceu no elevador com meu superior, dizendo: Foi ele quem me chamou de vaca, seu Fulano!

Ainda com um sorriso no rosto, fui conduzido a sala de meu superior, que teve uma rápida conversa comigo. E ele ficava furioso quando olhava para meu rosto e me via sorrindo. Acho que é porque ele é do tipo que não gosta de ver a felicidade dos outros. Ele me fez pedir desculpas para a Nicete Bruno e disse que mais uma daquelas iria me demitir. Eu o agradeci. Não me importava muito também. Mesmo que ele me demitisse, eu arrumaria outro emprego, nem que não fosse tão bom como aquele, só para oferecer uma vida boa para Sara e para meu filho homem. Isso mesmo, eu já tinha certeza que ia ser um macho, como o pai.

Voltei para a hora final de trabalho, que fora interrompida para esta conversa com meu superior. Hora esta que passou rapidamente, tamanha era a felicidade que me consumia. Fiz uma última viagem, levando uma mulher tagarela que não parava de falar ao celular. Nem prestei atenção ao que ela dizia. Pensei em passar no apartamento de Sara, mas achei melhor não fazê-lo. Era evidente que ela queria ficar sozinha. No dia seguinte eu passaria lá, lhe traria flores e a pediria em casamento. E seríamos o casal mais feliz do mundo. Bati o cartão e me encaminhei para o vestiário. Tirei meu uniforme. Cantando, me encaminhei para o estacionamento do prédio. Peguei minha bicicleta, feliz da vida. Eu estava amando. E era correspondido...


Conclusão

Jéssica entrou no elevador no sétimo andar, enquanto falava ao telefone. Rapidamente, indicou o décimo segundo andar, para o atoleimado ascensorista. Por algum motivo, aquele patético sujeito sempre ficava rindo sozinho. Sujeito estranho. Bem, isso também não importa. A amiga lhe falava ao telefone. Isso era engraçado, apesar de morarem no mesmo prédio, se falavam por telefone. E isso era mais engraçado ainda porque ela se dirigia justamente para a casa da amiga. O fato é que queriam conversar. A amiga contou-lhe que trabalhara o dia inteiro sentindo-se mal e não comera nada além de um salgado. No fim do dia, o resultado: vomitara. Agora estava deitada na cama de seu apartamento, passando mal. E ela iria lá para fazer companhia a amiga. Para piorar, Euclides, o irmão de sua amiga, que quase não falava com Sara, tentara reatar o relacionamento - há muito tempo abalado - entre os dois irmãos. Pelo que Sara lhe contara, Euclides era enfermeiro, mas sempre teve sérios problemas com o álcool. "Sempre o velho álcool. A fonte primária de todos os problemas do mundo.", pensou Jéssica. Segundo Sara, nos últimos dias Euclides reaparecera do nada e mostrara-se bondoso e mudado. Mas logo, ele mostrou suas garras. Se aproximara de Sara com interesse. Estava duro. Precisava de grana. Grana para sustentar seu vício. Sara descobrira que Euclides, apesar de usar o típico uniforme de enfermeiro do hospital em que trabalhava, fora demitido fazia duas semanas. E o motivo, é claro, fora o álcool. Ele a enganara, em busca de dinheiro, em busca de ajuda. Ele nunca quisera ter um relacionamento saudável com a irmã, apenas usá-la. A irmã era a única pessoa que ele tinha no mundo, uma idiota a quem recorrer nos momentos de dificuldade. Sempre fora assim, contara-lhe Sara. O elevador parou. Jéssica disse para a amiga no telefone que ia desligar pois já estava chegando em seu apartamento. Lá continuariam conversando, Jéssica cuidaria da amiga, até ela se sentir melhor. Sorriu mais uma vez. E saiu do elevador.



Um feliz ascensorista.