Até
algum tempo atrás, eu achava o WhatsApp uma merda. Hoje em dia, assim como para muitas outras
pessoas, ele tem sido uma ferramenta praticamente indispensável para mim. Se me
perguntassem há cinco anos, eu diria que não curto tatuagens. Se me perguntarem
hoje, direi que acho legal. Enquanto antes eu achava a legalização do aborto
uma péssima ideia, hoje em dia, eu o considero um mal necessário.
Então,
afinal de contas, qual é o ponto? O ponto é que, em muitos aspectos, estamos
mudando. E não é apenas fisicamente. Ora passamos de uma opinião mais
conservadora para uma mais liberal, ora é justamente o oposto que acontece. E
em tempos de grande exposição via mídias sociais, não é muito difícil que a timeline jogue em nossa cara o quão
contraditórios – hipócritas? – estamos sendo. Mas a verdade é que não estamos
sendo hipócritas ao professarmos opiniões distintas depois de algum intervalo
de tempo: nossas experiências, nosso contexto e as pessoas influentes de nossas
vidas têm um papel determinante em tais mudanças que, no fim das contas, são genuínas.
Em
meio às metamorfoses que sofremos ao longo do tempo, sempre terá alguma pessoa
em nossas vidas, que por algum motivo, a vida tratou de afastar – ou terá sido
nós mesmos? –, que ao nos reencontrar, dirá algo do tipo: “nossa, mas como você está mudado, você não
era assim”. Ou então “não estou te reconhecendo nesses comentários”. Talvez a
grande questão seja essa: será que por ser eu ainda o mesmo organismo vivo que
seguiu um percurso histórico desde quando fui concebido, alguma essência se
mantém? Existe algo em mim – ou em qualquer outra pessoa – que se mantém imutável
ao longo do tempo, a despeito das mudanças que ocorrem à nossa volta, ou mesmo
do próprio fluxo do tempo?
Mas
isso já me traz outro pensamento, que é: e qual é o grande problema em mudar?
Isso não deveria ser problemático, pelo contrário, o problema seria nunca
mudar, o que denotaria uma rigidez mental e uma dificuldade em aprender a partir das próprias
experiências. No entanto, construímos esquemas mentais muitas vezes tão rígidos
sobre as pessoas que conhecemos, que não estamos preparados para compreender
que esse esquema é apenas uma descrição mais ou menos deturpada do que a pessoa
de fato é – ou de quem ela de fato foi, tempos atrás. Aceitar que as pessoas
mudam pode ser desafiador porque isso nos coloca em face de aceitar que o lugar
seguro ou o conforto de ter um ambiente que não muda é uma ilusão. E isso
também lança o desafio de constantemente reaprendermos a amar as pessoas que
também estão mudando, e que em algum momento deixarão de ser aquelas pessoas que
inicialmente tocaram nossos corações.
Meu
nome é Kily, tenho 26 anos, finalmente terminei a faculdade, faz apenas seis
anos que comecei esse blog, e cinco anos e meio desde que saí de casa. Pode
parecer bem pouco tempo, em um primeiro olhar, mas esse tempo foi o suficiente
para eu me tornar uma pessoa bem diferente daquele menino imberbe que, cheio de medos e
inseguranças, embarcou em uma loucura e decidiu deixar tudo para trás e se mudar para Brasília e
começar uma grande aventura na capital do país. E para aquelas pessoas que me
conheceram em diferentes épocas, mas que não se dispuseram – ou não puderam, não conseguiram – a me conhecer novamente, eu
gostaria de simplesmente dizer: muito prazer em (re)conhecê-lo/a, meu nome é Kily. 😀
¹ Com carinho, dedico esse texto para a minha tatuadora oficial. Obrigado por ser minha amiga mesmo em meio a tantas metamorfoses que a vida nos proporciona, Kiwi.