Esses dias, eu estava andando
no centro da cidade de Piraju, quando dois transeuntes de avançada idade se cruzaram
na rua e começaram a conversar. Transcrevo abaixo a parte da conversa que sem querer
acabei ouvindo, antes, durante e depois de cruzar com os dois. A conversa segue
no dialeto original:
- Fala Seu Zé! – cumprimentou
o primeiro.
- Fala Seu Jão! – respondeu o
segundo.
- E aí, tudo certo?
- Ah, tâmo lutano.
- Tem que lutar né, não pó pará!
Este diálogo, meu caro leitor,
não é tão importante assim. Para ser mais claro, ele é o que há de menos importante
neste post. Mas é que tive que levar uma das mãos à boca enquanto caminhava, para
não começar a rir. Se você estivesse em meu lugar, também teria feito o mesmo. Dois
idosos. Cabelos brancos. Adeptos do bigode. Usando camisas sociais com apenas dois
ou três botões fechados. Aposentados. E o mais engraçado foi o trecho que escutei
a seguir:
- E a chuva?
- Ah, ta terrível essa chuva,
hein? – diz o Seu Jão, em tom de pesar. – Eu nunca vi nada parecido.
- Pois nem eu, rapai. To com
quase 80 anos, 78 anos nas costa e nunca vi chuva braba igual essas que deu nos
úrtimos dia. Chuva forte que dá até medo na gente. – comentou o Seu Zé, fazendo
cara de espanto.
O restante do diálogo não importa.
O que importa é isso. Já ouvi muito na TV, no rádio, na rua e em tudo quanto é lugar
as pessoas dizendo: chuva igual essa nunca caiu igual; ou ainda, calorão mormaço
igual jamais vi.
Será realmente que jamais fez
tamanho calor? O velho todo santo ano em janeiro diz que nunca viu chuva igual!
E no ano seguinte, é a mesma coisa: foi a pior chuva que ele já viu! Acho que com
cada vez maior freqüência as pessoas estão ficando com Mal de Alzheimer.
O clima nunca está bom. É seca
no Nordeste, é chuva no Rio de Janeiro, é ciclone extratropical no Rio Grande do
Sul, é enchente em São Paulo. Tem alguma coisa errada aí, e eu acho que não é com
o tempo. Todo mundo ta cansado de saber que vai ter “Feliz Ano Novo” no dia primeiro,
mas que lá pelo dia dez já vai começar a choradeira lá no Rio porque a enchente
ta levando o barraco e o que encontra pela frente.
Bom, e por falar em Rio de Janeiro,
quero falar um pouco do Carnaval. Pra mim, se existe uma data que é mais desagradável
que o Natal, esta data é a do Carnaval. Eu odeio o Carnaval. E eu odeio quem ama
o Carnaval. Se você ama o Carnaval, eu te odeio. Se o Carnaval ama você, eu te odeio.
E se o Carnaval odeia você, eu também te odeio.
Pra quem não sabe, o Carnaval
foi uma festa inventada pelo deus todo poderoso dos romanos (e o décimo quarto deus
mais forte de todos os deuses do universo), o deus Baco. Baco era um cara que gostava
de música ruim, de bebida alcoólica, de glutonaria, de gente pelada, de sexo e de
cheirar gatinhos. Um dia, ele teve a brilhante idéia de juntar tudo isso num só
lugar, numa festa de arromba, que ele chamou de Bacanal. Posteriormente,
após Baco ser morto pelos deuses pagãos bonzinhos, os deuses declararam que aquela
festa era um crime contra um espírito e uma exaltação da carne. Daí em diante, passaram
a chamar a festa de Carnaval.
O Carnaval basicamente é uma
desculpa para as pessoas ficarem bêbadas, peladas e praticarem orgias em público,
dentro da lei. E no caso do Brasil, é uma desculpa para o ano começar apenas depois
de fevereiro, quando termina a festa. E um dos problemas do Carnaval é que no mês
de novembro, mulheres fazem filas nos hospitais públicos para dar a luz a mais um
“filho de carnaval”. Mulheres que fizeram sexo até o cara ejacular cinco segundos
depois da penetração não querer mais, agora são castigadas com um filho. Isto
sem falar de outros problemas menores, tais como doenças sexualmente transmissíveis.
Se você nasceu em novembro, existe
uma grande possibilidade de você ter sido fabricado no meio da rua, no meio de uma
micareta, ou num beco sem saída, com seus pais chapados. E é por isso que eu rio
da sua cara se você nasceu em novembro!
Outra coisa ruim do Carnaval
é que o meu blog não recebeu quase nenhuma visita neste mês, tudo por conta destes
fanfarrões que nem na internet entram nos dias de orgia, a não ser para atualizar
o status do facebook com a frase “tô chapado”.
Encerro este texto ridículo,
um dos piores que este blog já viu dizendo que se você comemora Carnaval, eu
espero que você morra, e que todo mundo que curte Carnaval morra, e que quase todo
o Brasil morra. Pois aí quem sabe não teremos um lugar melhor para se viver. É isso.
Baco segundo o Wikipédia, fazendo alguma coisa que não consegui desvendar.
Ilustração de uma Bacanal, o antigo Carnaval.
E uma micareta, um ambiente gostoso de se estar, recomendado para formar uma nova toda a família.
O resultado da orgia de Carnaval. E agora, quem será o pai?
Idiotas comemorando Carnaval em Piraju.
Quando penso em Carnaval, um nome me vem a mente: Leci Brandão. E uma palavra explica Leci Brandão: musa.
P.S. o texto não saiu muito bom porque eu escrevi ele correndo, pois estou com pressa de sair e pular Carnaval.