quarta-feira, 18 de abril de 2012

Enrico Pollini

Enrico Pollini (1957 - 2012) foi um recordista do Guinness Book, conhecido como o maior dorminhoco do mundo. Nasceu na Itália e, quando criança, sempre teve dificuldades de aprendizagem na escola, devido ao excessivo sono que o acometia durante a aula. "Eu não podia evitar, de repente sentia a voz do professor ficando cada vez mais distante, até que desaparecia", contou Enrico, numa entrevista exclusiva concedida ao Pra Gente Rir.

O sono em excesso provocou-lhe muitas situações embaraçosas, como ele mesmo contou. Quando tinha 17 anos, uma garota levou-o até sua casa, quando os pais não estavam. "Provalvemente ela queria fazer aquilo", disse Enrico, com certa dúvida. "Ela me jogou na cama e começou a tirar a camiseta, para minha surpresa. Observei ela levar as mãos para as costas, na tentativa de desprender o gancho do sutiã. Assim que ela o desprendeu, ela começou a trazer as mãos para frente, com um risinho malicioso". Nesta parte de nossa conversa com Enrico, ele parou de falar. Perguntamos o que aconteceu em seguida, curiosos com o desfecho da história. Aparentando certo desconforto, ele nos contou que não viu mais nada, pois dormiu a seguir.

Obviamente, a moça ficou com o orgulho ferido. Ela atribuiu o sono dele a um desinteresse sexual pelo corpo dela. Isso a deixou pessoalmente sentida, pois ambos nunca mais se falaram. Enrico jamais pensou que seu sono excessivo fosse um problema neurológico. Mesmo tendo perdido alguns empregos e oportunidades de ouro (como narraremos a seguir), Enrico não chegou a procurar ajuda médica. Órfão desde cedo, além de seu problema narcoléptico, Enrico apresenta outra característica interessante: ele raramente demonstra sentimentos. O psiquiatra dele afirma: "Ele é bom por natureza, mas me surpreende o fato de nunca demonstrar emoções. Ao falar de seus pais, certa vez, numa sessão, ele disse: 'Meu papa está morto. E minha mama também. Estão todos mortos'. O que me chocou foi que ele disse isso sem a menor emoção. Ele não se sente mal de ser completamente sozinho no mundo."

Perguntamos a Enrico sobre outros relacionamentos que ele teve após o embaraço pelo qual passou aos 17 anos, na tentativa de descobrir algum trauma do fato. "Eu já perdi meu coração muitas vezes na vida", disse-nos Enrico, arqueando as sobrancelhas, num patética tentativa de parecer charmoso. Aos 30 anos Enrico mudou-se para os Estados Unidos, depois de ser expulso da Itália (por um motivo que não vem ao caso no momento. Há 11 anos atrás, quando Enrico tinha 44 anos, surgiu a grande oportunidade de ouro de sua vida, quando ele estava hospedado num hotel (Enrico é andarilho, não tem residência fixa). Enrico e mais cinco pessoas (algumas acompanhadas de suas famílias) ganham uma chave nas máquinas caça-níqueis do hotel. O poderoso magnata americano, Donald Sinclair, dono do hotel, conta que eles foram sorteados para participar de uma corrida, com início no cassino em Las Vegas, até uma estação de trem em Silver City, Novo México (que fica nos Estados Unidos). Na estação de trem, um prêmio de dois milhões de dólares. A um sinal do excêntrico Donald Sinclair, as seis equipes partem em busca do prêmio.

A equipe de Enrico Pollini, composta por ele próprio e mais ninguém partem. Donald Sinclair e outros magnatas apostam, pelo simples prazer da aposta, em quem será o vencedor da corrida do ouro. Contra todas as probabilidades, Enrico consegue chegar antes que todo mundo ao final da corrida, mas, quando insere a chave no armário onde está contido o dinheiro, o seu inseparável companheiro - o sono - o derruba. "Oh, você deve ter ficado arrasado com o fracasso?", perguntamos a Enrico. Ele sorriu dizendo, com voz totalmente desprovida de emoção: "Sim, eu fiquei completamente arrasado com isso". Sua expressão contradizia o que ele acabava de dizer.

Passados seis meses deste evento, Donald Sinclair, o dono do hotel, tratou de localizar Enrico. Ele tivera uma ideia de colocá-lo no Guinness Book, como o maior dorminhoco do mundo. Seu objetivo, é claro, não era promover Enrico. Seu objetivo era superar o tédio da vida de bilionário, juntamente com seus amigos, apostando para ver quem acertaria quanto tempo Enrico dormiria sem parar. O atual recorde era de 48 horas dormindo ininterruptamente (sem uso de qualquer medicamento que estimulasse o sono), conquistado por Lloyd Gruver, um reformado militar norte-americano que sofrera de narcolepsia durante toda a sua vida. O recorde perdurara por mais de 40 anos, imbatível, até que Enrico o desbancou de longe, dormindo ininterruptamente por sete dias e 19 horas. Como detentor do novo recorde, Enrico passou a ganhar um dinheiro mensal para sua subsistência.

Com a mesada que recebia, Enrico poderia realizar o grande sonho de sua vida, que nos contou qual era, sem o menor pudor. "Meu sonho era o de entrar totalmente nu numa banheira cheia de pepto-bismol (apenas com chapéu de marinheiro, obviamente), juntamente com uma prostituta. Meu maior fetiche era o de cortar as unhas dos pés de uma meretriz, ao que ela retribuiria depilando minhas nádegas". Infelizmente para Enrico, ele não conseguiu, por dinheiro algum neste mundo, achar prostituta que concordasse executar esse dispendioso trabalho para ele. Mesmo assim, ainda era seu sonho entrar na banheira cheia de pepto-bismol, ainda que só. Certo dia ele o fez, mas mais uma fez, ele dormiu na banheira. Quando seu corpo foi encontrado pela empregada, no dia seguinte, ela imediatamente chamou um médico. Assim que o médico procurou os sinais vitais de Enrico, constatou que além dele estar morrido, ele havia falecido.

O velório fui uma cerimônia simplória, pois Enrico, sempre só, não tinha nenhum conhecido. De família católica, um padre foi celebrar as exéquias. Além deste, mais três pessoas estavam presentes: um representante do Guinness Book e os dois coveiros (Robert e Diones), ansiosos por despachar rapidamente aquele infeliz para o mundo dos mortos. Eles tinham um churrasco para depois do expediente, e queriam sair dali o quanto antes. Quando o padre proferia mecanicamente suas palavras, pouco antes de lacrar o caixão, a surpresa: Enrico levantou-se abruptamente, para surpresa dos ali presentes (e óbito de Robert, que não aguentou o susto). Enrico dormira tão profundamente desta vez, que até mesmo seus sinais vitais desapareceram completamente.

Atualmente Enrico Pollini é garoto propaganda de uma linha de colchões de Donald Sinclair, e tem ganhado muito dinheiro com sua popularidade, que alcançou nível nacional nos Estados Unidos, devido ao seu grande carisma, que contagia a todos. Devido ao sucesso de suas propagandas, Enrico nos contou que até tem em mente um novo projeto para breve, que consiste numa série de TV sobre um cidadão britânico, que fala muito pouco e se mete em diversas confusões, juntamente com seu ursinho de pelúcia.

Enrico Pollini.

Major Lloyd Gruver, antigo detentor do recorde mundial de maior
tempo dormindo sem parar, logo após acordar de sua hibernação.


Enrico Pollini perdendo dois milhões de dólares dormindo.

O famoso pepto-bismol.