segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Tião


Última postagem de 2012

Confira agora mais uma história com o selo de qualidade Pra Gente Rir.

Atenção: a história a seguir é baseada numa pessoa, lugares e acontecimentos reais. Qualquer ligação dessa narrativa com alguém que você conheça pode não ser mera coincidência. Por uma questão antiética, os nomes reais foram mantidos. Se você se sentir ofendido com quaisquer citações do texto, por favor, entre em contato com nossos advogados.

O colaborador Boretti publicou ano passado uma postagem referente ao Cão do Tião. Por isso, estive pensando nos últimos dias: ora, se o ilustríssimo Cão do Tião conseguiu ser assunto no blog, então por que não oferecer também uma oportunidade para que o proprietário do Cão do Tião (no caso, o Tião) também tivesse uma aparição?

Foi pensando nisso que resolvi contar um pouco da história de Sebastião Bento dos Santos Filho, vulgo Tião para os mais íntimos, ou até mesmo para os não íntimos. Tudo começou muito antes do nascimento do próprio Tião II, ou Tião Filho, pois antes dele, tivemos o Tião I, ou Tião Pai, como preferir. O pai de Tião, o Tião, foi um lavrador, um humilde plantador de café, que sonhava uma vida melhor para sua família. Tal vida melhor nunca veio. Se casou com uma caboclinha xucra igual ele, a qual deu-lhe uma penca de filhos, e cujo primogênito, onde depositou suas maiores esperanças, Tião o bautizou Tião, assim como ele. Alegou ele, que Tião Filho conseguiria realizar os sonhos que Tião Pai almejara e não conseguira.

Para infelicidade de Tião Pai, duas desgraças de abateram sobre sua prole. A primeira delas foi que a fome que devastou a região de Piraju, onde viviam, dizimou grande parte da população, matando inclusive os 11 filhos de Tião. O único que sobreviveu foi justamente o primogênito, onde Tião depositara suas fichas, Tião.

A segunda desgraça é que Tião mostrou-se completamente atoleimado, dono de um QI que seria ridículo até mesmo para um anfíbio. Tião não era totalmente incapaz, pois foi alfabetizado (de maneira medíocre, mas foi), aprendendo a ler, escrever, contar e fazer cálculos ordinários. Além disso, Tião tinha uma péssima coordenação motora, o que não lhe permitia ter nenhum outro dom, como por exemplo desenhar. Imagine, caro leitor, a festa que os pais de Tião fizeram quando ele concluiu a quarta série, aos 17 anos de idade! A mãe, completamente iletrada, mas cozinheira prendada, matou um porco e preparou um banquete para o orgulhoso Tião.

O pai, apesar de feliz com esta conquista do filho, entristecia-se a cada dia mais, ao ver que seus projetos para o filho não se realizariam. Porém, nesta nova onda que era o de sonhar que todo menino virasse jogador de futebol, Tião ganhou do pai uma bola, para que mostrasse sua habilidade para o mundo e fizesse fortuna. Tião, porém, mostrou-se também um fracasso nas artes futebolistas. Não ganharia um vintém com seu parco talento.

Tião era pobre, preto, burro e ruim de bola. Restava-lhe apenas uma opção para conseguir um lugar ao sol: ser bonito. Mas Tião, no tempo que estudou, foi eleito pelos coleguinhas como o ser humano mais feio que qualquer um deles já tinha visto. Nem essa graça Tião recebera dos céus, o que lhe permitiria conquistar uma velha cheia da grana, no Baile da Terceira Idade do Centro de Lazer do Trabalhador Dr. Luiz Ferreira de Oliveira, de Piraju.

O mais ávido leitor se pergunta: mas se Tião não era bonito, sem qualquer talento e pobre, como é que ele conquistou o topo, chegando a fama? E como surgiu a história do Cão do Tião. Sinto dizer que esta, meu caro leitor, é uma história para outra postagem.


Confira agora uma rápida entrevista que Tião concedeu a um dos correspondentes do Pra Gente Rir no último sábado:

Pra Gente Rir: Grande Tião, conta pra gente como estão os últimos projetos, essa correria, maratona de shows e tudo mais, diz pra gente como é que tá!

Tião: Caluda!

Pra Gente Rir: Gostaria de pedir que você mandasse uma mensagem de Natal para todos os fiéis seguidores do blog Pra Gente Rir.

Tião: Desejo que todos (incluindo leitores e colaboradores do blog) tenham um péssimo Natal, assim como o meu, cheio de consumismo, glutonaria, bebedeira e muita depressão.

Pra Gente Rir: Obrigado pela disponibilidade Tião! Um Feliz Natal e um próspero Ano Novo para você também!

Tião: Te dou um murro no meio da boca...

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Oscar Niemeyer VS Morte

Agora há pouco, faleceu o famigerado Oscar Niemeyer, um dos decanos da humanidade. Pra quem me conhece a mais tempo e já leu meus textos de 6, 7 anos atrás, sabe muito bem que em "Os Andarilhos", minha aclamada coleção de textos sobre os irmãos Chapolin Colorado e Fernandinho Beira-Mar, eu cito inúmeras vezes Dercy Gonçalves e Niemeyer. Na época, ambos estavam próximos de completar os 100 aninhos de vida. Minha brincadeira, obviamente, consistia em brincar com a suposta imortalidade de ambos. Hoje, porém, Niemeyer morreu. E a única certeza do mundo parte junto com nosso - em nossas mentes - imortal arquiteto.

Estive aqui pensando, após saber da morte de Niemeyer, em sua importância para a história do Brasil. E uma das coisas que pensei foi: o que teria maior impacto na população brasileira: a morte de Niemeyer, ou a morte de Luan Santana, Gusttavo Lima, Michel Teló? Bom, creio que entre as crianças de 5, 10 anos, e até os adolescentes de 15 anos, provavelmente a morte de nossos grandes cantores e compositores nacionais, que exaltam a cultura brasileira, gerariam maior comoção nacional. Porém, desta faixa etária pra cima, eu tenho lá minhas dúvidas. Eu francamente quero acreditar que o povo brasileiro irá reconhecer que um gênio como Oscar Niemeyer foi muito mais relevante para o país e para o mundo do que estes pseudocantores. Agora, se pessoas com minha idade ou mais, insistirem em achar os supracitatdos cantores mais importantes que Niemeyer, sinto dizer que o Brasil não merece o filho arquiteto que teve.

Outra coisa que estive pensando foi na luta de Niemeyer contra a morte. Se eu pudesse fazer uma analogia dela com uma luta de boxe, Niemeyer teria se esquivado muito bem dos ataques da Morte. Teria até batido nela bastante, deixando-a atordoada e confusa. Mas nos últimos rounds, cansado da briga, Niemeyer abriu a defesa e também começou a levar uns golpes. Niemeyer e a Morte teriam trocado muitas porradas, ambos desfalecidos quase no fim, quando finalmente a Morte conseguiu a vitória. Não por nocaute, é claro. Por desistência de Niemeyer da luta, poucos segundos antes de acabar o último round (o mundo vai acabar nos próximos dias, não se esqueçam).

Agora, se a analogia fosse com esconde-esconde, Niemeyer teria encontrado um esconderijo muito bom. Só depois de anos procurando, foi que a Morte descobriu onde o danadinho do Niemeyer estava escondido. Se a analogia fosse de uma corrida, Niemeyer teria sido um ótimo maratonista, abrindo larga vantagem em relação a sua adversária Morte nos 21 km iniciais, sendo que a diferença diminuiu gradativamente apenas na segunda metade da corrida. Só nos metros finais que a Morte alcançou Niemeyer, superando-o.

Provavelmente, independentemente da analogia que usemos, a Morte deve estar bem cansada agora, depois que Niemeyer deu-lhe uma boa lição. Quem sabe, daqui alguns anos, depois de descansar um pouco, a Morte não resolve contar outra história, depois de "A Menina que Roubava Livros"? Aguardemos ela contar a sua mais alucinante caçada já empreendida, caçada esta que durou quase 105 anos.

Felizmente, Niemeyer foi homenageado em vida, o que me deixa feliz, pois fico extremamente frustrado quando uma personalidade recebe as devidas homenagens apenas depois de morrer, quando já não mais as pode ver.




 A Morte segundo Markus Zusak

 E a Morte na maratona, correndo atrás de Niemeyer.

 Niemeyer jovem, nos bastidores do filme "O Poderoso Chefão", onde interpretou Don Vito Corleone. Marlon Brando foi seu dublê.

 Único lugar da BOSTA do Rio de Janeiro que quero conhecer: Museu de Arte Contemporânea.

 A obra que projetou o nome de Niemeyer mundialmente: o Peixe Amarelo, localizado em Piraju, São Paulo.

Eu envergonhando o Niemeyer, ao tirar foto no Museu Oscar Niemeyer (vulgo Museu do Olho), em Curitiba.